Capítulo 3
Ponto de vista de Claire.

Nesses dias, eu comia, bebia e me divertia sem nenhuma preocupação.

Já não me importava com as rotinas diárias de Aaron, nem andava na ponta dos pés em torno dos assuntos dele.

A vida parecia leve, quase deliciosamente despreocupada.

Às vezes, amigas me mandavam notícias sobre Vivian, mas eu apenas sorria e deixava passar.

Antes, eu rastrearia cada postagem dela nas redes sociais, rolando foto por foto, procurando qualquer indício dela com Aaron.

Depois, eu criaria "encontros casuais", desesperada para que ele percebesse o quanto eu me importava.

Mas agora, tudo aquilo parecia totalmente sem sentido.

As mensagens das amigas eram vistas e logo esquecidas.

Eu praticamente havia apagado a existência deles da minha mente.

Lá no fundo, eu simplesmente não me importava mais.

Daqui a alguns dias, eu deixaria essa cidade para sempre.

Só de pensar nisso, meu peito ficava leve, sem peso algum.

Então quando Aaron ligou, algo raro ultimamente, atendi com uma voz alegre.

— Claire? — Havia um traço de surpresa em sua voz.

— Você… parece feliz.

Inclinei a cabeça.

— Isso é um problema?

— Você costumava chorar o tempo todo depois de se afastar de mim… me ligava vinte, trinta vezes por dia…

Soltei uma risada irônica.

— Sim, sabe… essa era a antiga eu.

Houve uma pausa, então ele disse:

— Faz tempo que não te vejo. Reservei o Celestia para o dia 19.

— Eu não vou. — Cortei, afiada e decisiva.

Mas hoje, ele parecia estranhamente paciente.

— Claire. — A voz dele suavizou, quase suplicando.

— Dia 19 é nosso aniversário. Só jante comigo, por favor.

— Aniversário? — Respondi leve.

— Já casei e divorciei tantas vezes, já faz muito tempo que deixei de me lembrar que dia era.

Houve um silêncio na linha.

— O divórcio… aquilo foi culpa minha. — A voz dele ficou mais grave.

— Você sabe… Vivian é uma figura pública. Não posso arriscar a reputação dela.

Então eu era sempre a que devia suportar tudo.

A azarada.

O alvo da fúria dos fãs dela toda vez que ela fazia uma coletiva de imprensa.

As lembranças me espetaram como pequenas agulhas afiadas e persistentes.

Minha voz esfriou.

— Você não precisa explicar nada disso. Eu não vou jantar com você.

Eu não queria vê-lo.

— Espera. — O tom dele ficou urgente.

— Você não lembra? Cinco anos atrás, no Celestia, foi a primeira vez que nos vimos…

Meus dedos tremeram levemente.

Cinco anos atrás, eu comemorava o aniversário de uma amiga no Celestia.

Um empurrão dela me fez cair direto nos braços de um homem na mesa ao lado.

No instante em que caí, o olhar dele me cortou como uma lâmina, um calor perigoso envolvendo meu corpo.

Mas, tão rápido quanto surgiu, uma ternura suave quase imperceptível dissolveu a tensão.

Naquela época, Aaron tinha acabado de assumir o império Moretti, cada músculo tenso, cada movimento calculado, preparado para qualquer ameaça.

E ali estava eu, uma faca de plástico de bolo tremendo na minha mão, pressionada totalmente por acidente contra o peito dele.

Aflita, senti minhas bochechas pegarem fogo.

Comecei a limpar o creme do terno sob medida dele, pedindo desculpas repetidas vezes.

E no caos do meu atrapalho, um sorriso sutil e fugaz puxou o canto da boca dele, um que eu quase deixei passar.

Aquele único instante de ternura o gravou na minha memória.

E, depois, eu me deixei apaixonar por ele.

— Claire… promete? Por favor, Quero te ver.

A voz de Aaron me trouxe de volta ao presente, um calor suave subindo no meu peito.

O tempo tinha passado tão rápido. Cinco anos… eu o amei durante todo esse tempo.

Tudo bem.

Que tudo voltasse ao ponto inicial.

Onde começou, deveria terminar.

Sussurrei:

— Está bem. Te vejo lá.

Antes que eu desligasse, uma voz suave e trêmula surgiu na linha:

— Aaron… não estou me sentindo muito bem…

— Aaron… não…

E então, um tom insinuante.

Enojada, joguei o celular longe.

Como ele podia… estar envolvido com outra mulher num momento e, no seguinte, me dizer que queria me ver?

Então, uma notificação surgiu na tela.

Vivian, bêbada em um bar, sendo carregada para um hotel por Aaron.

Eu ri, embora uma dor amarga latejasse no meu peito.

Eu pensei que nunca mais sentiria dor por ele…

Deixa pra lá.

Que o Celestia seja o fim da nossa história.
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