Valquíria Larsen entrou em choque. Era visível a surpresa em seu olhar. O ambiente se tornou silencioso, nem mesmo as três mulheres de preto se moveram, uma inclusive estava com ambas as mãos na boca como se não pudesse acreditar no que viu. A mais velha tocou no lugar onde doía. — Co...como ousa? — Perguntou com surpresa indignada. — Como OUSA? — Berrou. Sophie lhe mediu de alto a baixo com todo o desdém que havia dentro de si. — Escuta aqui ô dona! já ouviu o dizer quem fere com ferro com ferro será ferido? Como ouso, eu? — Apontou um dedo na direção do rosto daquela criatura repugnante — Nunca, jamais! ouse bater em mim, não sou do tipo que abaixa a cabeça para desaforos, ainda mais vindo de uma perua estranha. — A mulher ergueu novamente a mão tomada por ira mediante a ofensa dirigida a ela, Albert a segurou — Basta! Saia já daqui. — Largou-a com força. — Não me defenda! — Sophie reclamou com ele e ofendida e enfurecida — Sou capaz de fazer isso sozinha — Parece que en
O coração de Sophie estava tão disparado que não seria nenhuma surpresa se ela tivesse um infarto naquele momento. Não queria demonstrar medo, mas estava assustada, apavorada! Por que bateu naquela velha? ah! mas apanhou primeiro, certo? ela e seu gênio explosivo, só a coloca em cada vez mais problemas. Queria que Sabrina estivesse presente, certamente saberia o que fazer com sua incrível paciência e equilíbrio, se estivesse em seu lugar viraria o outro lado do rosto ao invés de revidar. Como diria isso para Eliza e Nicolas? sua cabeça latejava. Abriu mão de sua vida, sua liberdade... era como se ela fosse a bela se casando com uma fera assombrosa e desalmada, que jamais amaria. Quis chorar, assim que disser eu "aceito" estará presa nesse país gelado de pessoas frias e distantes. Não devia ter entrado em contato com Albert, só colocou seus sobrinhos em perigo! Era mesmo uma péssima tia, como podia falhar tanto assim? que decepção sua irmã sentiria se soubesse. Lamentar-se, po
Albert se sentiu culpado por ficar quieto, ele não estava acostumado a consolar choro feminino. Nunca deu importância para outra mulher senão sua mãe e detestava aquele sentimento de impotência sempre que a flagrava aos prantos. Há décadas esse sentimento não invadia o peito dele. Conseguiu se conectar facilmente com Nicolas e acreditava que a relação deles tinha tudo para ficar mais forte, pensava até no dia em que o levaria para o escritório de sua empresa. Eliza, porém, era diferente, sentia como se pisasse em ovos ao tentar se aproximar. Não é fácil ter uma filha. — Você tem algum sonho? — Ele perguntou sem ao menos entender o que dizia, ora o que essa pergunta tinha a ver com a crise atual? — Mesmo que eu tenha não contaria para você! — Respondeu ríspida com as mãos cobrindo o rosto, o que fez Albert sorrir, talvez sua sobrinha seja mais parecida com ele do que possa imaginar. — Meu sonho sempre foi ser feliz.... ter uma família feliz, filhos a quem proteger e cuidar. — Est
Albert Larsen teve dificuldades para conter os ataques da midia. Especialmente após confirmar que em breve a linhagem dos Larsen seria presenteada com uma nova e legítima condessa, não deu muitos detalhes o que causou mistério e agitação não apenas aos repórteres, mas em toda a população. Podia ser um parente distante, contudo, não muda o fato de ele ser pertencente a família real o que o coloca em considerável evidência. Sabia do peso de sua decisão, estava ciente dos riscos e do preconceito que poderia ser atribuido a Sophie por não vir de uma familia influente, só esperava que ela suportasse até o fim. Era um alívio a foto daquele artigo inicial não mostrar o rosto das crianças e Sophie estava de lado, ele era o mais exposto. Nas notícias apresentavam uma silhueta feminina sombreada com interrogação: QUEM É A MULHER MISTERIOSA QUE FOI CAPAZ DE FISGAR O CORAÇÃO DO CONDE? Ele se divertia com as suposições absurdas desses programas de fofocas, parece que ninguém esperava a confi
Sophie acordou cedo. Pretendia conversar com Albert antes das aulas começarem, apesar de o tutor concordar em partes com a opinião dela, ainda assim era um tédio total! Elisa e Nicolas, por outro lado, gostavam muito dos estudos, o que a envergonhava por ser uma péssima aluna de etiqueta real. Quando foi que sua vida se assemelhou tanto a um livro muito comum de escritores amadores? Esses clichês sempre presentes em aplicativos de leitura! Arrumou-se como nunca fez naquele lugar, passou até maquiagem, vestiu um vestido rodado cor de rosa e deixou os cabelos soltos. Não, não havia se produzido toda naquela manhã com a intenção de impressionar Albert, ficou bela para si mesma, esteve muito desleixada com a própria aparência nos últimos dias. Olhou-se no espelho novamente. Se sentiu belíssima. Ele já deveria estar no escritório, pensou, faltavam cinco para as nove. Resolveria logo a questão daquela mulher estranha. Acabou esbarrando-se na governanta quando abriu a porta do corredor
— Como não? — Ela perguntou. — Não posso porque Astrid não tem digital cadastrada, ela utiliza uma senha de serviço liberada. — Pois remova a senha. — Ergueu o queixo desafiadoramente. — Não vejo sentido algum para isso, está evidente de que precisa de ajuda. — Sou eu quem decido isso Albert, sou mais do que perfeitamente capaz de cuidar e criar os meus sobrinhos! — Eu não discordo disso, mas, não significa que não precise de ajuda ou ficará sobrecarregada, tente criar duas crianças, estar à frente de uma mansão além de suas obrigações oficiais como esposa de um conde. — Isso tudo é uma grande fraude! — Berrou. — Não, não é! — Ele respondeu se colocando de pé — Podemos não ser marido e mulher com envolvimento romântico, mas ainda assim nos casaremos e você será a futura senhora desta casa, francamente seu tutor não tem lhe ensinado nada? — Pare de me pressionar, a única pessoa com quem posso dividir os meus sobrinhos é você! Lembre-se do porquê desse casamento est
Albert Larsen estava nervoso, não que algum dia fosse admitir. É a primeira vez que Sophie concordou em deixá-lo passar o dia sozinho com as crianças, mas ele estava confiante ao menos com seu sobrinho, já Eliza sim era difícil. Sempre que pensava estar avançando positivamente no relacionamento, a menina se retraia e o tratava com indiferença, parecia ser uma miniatura de Sophie Rodrigues! Tinha de ser criativo, ora, talvez dessa vez seja mais fácil já que estão se comportando bem nos últimos dias, de acordo com o tutor real que por cortesia de seu primo de segundo grau o grão-duque aceitou os educar.Sempre os elogiava com graça o que o fazia pensar que haviam herdado toda a inteligência do tio! isso o deixava orgulhoso. Já Sophie, o homem não dizia nada além da palavra "Intrigante" Ele nunca sabia discernir se era crítica ou elogio. O conde diminuiu a velocidade de seus passos ao ouvir a conversa indignada de Nicolas para com Sophie, parecia estar reclamando de Astrid! Como assim?
Casper ficou calado durante todo o trajeto. Estacionou em uma charmosa praça próxima a uma catedral gigantesca que mais se parecia um castelo com torres pontiagudas e azul celeste. Era fabuloso todo aquele verde contrastando com construção antiga de tijolos. Antes de descer do carro, o motorista entregou a Sophie o que parecia ser um sobretudo requintado. — Está frio lá fora, lorde Larsen ordenou que lhe desse para vestir. "Ordenou?" ela precisava se acostumar com isso. Era formidável a peça. Sophie podia não entender muito de tecidos e roupas, mas ficou apaixonada. Num tom cinza escuro com bordados vermelhos, nas costas havia pedrinhas cumpridas igualmente vermelhas, por dentro do que pra Sophie seria "casacão" também era vermelho e acolchoado. Ela agradeceu, pois, estava com o vestido rodado cor de rosa. Tão acostumada com o clima tropical brasileiro e o friozinho leve da cidade de São Paulo que esquecia o quão gelado é aquele município europeu e olha que ainda nem tinh