No escritório do orfanato...
O homem de meia-idade, barrigudo, estava recostado na cadeira com as pernas cruzadas, em absoluta comodidade.
Quando viu no celular a mensagem com a palavra “Fechado”, o canto da boca se curvou em um sorriso satisfeito.
Ele já sabia: Vitória jamais recusaria. Trinta milhões? Ora, se exigisse cinquenta a mais, ela também pagaria sem hesitar.
Mas, como em toda pescaria, não valia a pena tentar fisgar o peixe de uma só vez. Se a pressionasse demais, corria o risco de espantar a presa e acabar sem nada. O certo era ir aos poucos, passo a passo.
Desde a manhã, depois da visita daquele homem, ele vinha remoendo as razões por trás de tudo.
“Por que Vitória parecia prever cada movimento? Que ódio tinha de Beatriz, a ponto de querer a morte dela?”
Pensando e repensando, enfim chegou a uma suspeita quase certeira.
No dia anterior, Vitória alterara os registros do orfanato: rejuvenesceu a própria idade em dois anos e mexeu também na data de entrada de outras crianças.