Durante dois anos inteiros, ele pôde comer aquela comida todos os dias. Agora, aquilo se tornara um luxo, algo que só conseguia provar novamente estando doente.
Os pratos eram leves e fáceis de digerir. O peixe, macio e sem espinhas, não tinha qualquer traço de gosto forte, apenas o frescor puro de sua carne.
A sopa, clara e translúcida, trazia o equilíbrio perfeito entre carne e legumes, preservando ao máximo o sabor natural dos ingredientes.
Enquanto comia, Gabriel fungava discretamente. Não se arrependia nem um pouco de ter se colocado no caminho do desastre para proteger Beatriz. Pelo contrário: naquele momento, a comida que recebia era como um presente inesperado, um doce consolo que o enchia de emoção e alegria.
O quarto permanecia em silêncio. Ninguém dizia uma palavra.
O Sr. Henrique observava Gabriel, um homem adulto, chorar sem pudor enquanto comia, e achava aquilo de uma fraqueza absurda. Mas não o repreendeu.
No fundo, pensava: “Se, no passado, ele tivesse mostrado a Beatri