Gabriel fechou os olhos. Embora tivesse acabado de acordar do coma, não sentia sono algum. Aos poucos, sua memória o levou de volta aos tempos do ensino médio.
A amizade entre eles começara por causa de uma questão de olimpíada de matemática.
A outra pessoa era brilhante, e passaram a trocar ideias, discutir soluções… Com o tempo, o assunto deixou de ser apenas estudo e começou a se estender para a vida pessoal.
Naquela época, Gabriel vivia um período sombrio e depressivo, mas havia sempre alguém ali para escutá-lo, confortá-lo e lhe dar forças. Naturalmente, ele começou a sentir curiosidade e afeição por aquela presença constante.
No início, pensava que fosse Beatriz.
Beatriz era muito inteligente, sempre entre os primeiros da turma. Ser capaz de resolver uma questão de olimpíada não era nada surpreendente para ela.
Além disso, seu temperamento era sereno e contido, não expansivo nem espalhafatoso, o que se encaixava perfeitamente com a imagem que ele fazia daquela pessoa misteriosa.