— Você tem o colar que o papai te deu naquela época... — Disse Renato, a voz carregada de emoção. — E lembra das roupas que usava quando foi levada para o orfanato. O tempo, os detalhes... Tudo bate perfeitamente. Desde o começo eu desconfiei que você era minha irmã. Mas não tive coragem de falar antes. Esperei pelo resultado, pra ter certeza, pra poder te dizer com clareza. O papai, a mamãe e eu... Todos esses anos, nós nunca paramos de te procurar. Por favor, perdoa a gente por só ter te encontrado agora. Me perdoa... Por todo o sofrimento que você passou sozinha...
A voz de Renato transbordava culpa, arrependimento, dor.
Do outro lado da linha, a resposta foi apenas o som de choro. Vitória soluçava baixinho, como se tudo tivesse sido tão repentino que nem conseguia formular uma frase.
A partir dali, a conversa virou quase um monólogo.
Renato continuou falando, sem parar.
Falou da saudade, da alegria de finalmente encontrá-la. Falou dos pais.
Eram jovens, ainda tinham vitalidade, mas