Não era vidro.
Pelo brilho e tonalidade, parecia ser uma peça de cristal azul natural, algo que, em estado perfeito, valeria uma fortuna.
Mas agora, em estilhaços pelo chão, não passava de lixo.
Rafael franziu ligeiramente as sobrancelhas.
Ele era o assistente direto do Sr. Gabriel.
Mesmo tendo presenciado o estado lamentável daquele filho bastardo, não se sentia inclinado à compaixão.
Afinal, o rapaz é quem havia ultrapassado os limites primeiro.
E, bem… Um filho ilegítimo deveria ter consciência do seu lugar.
Como Gabriel poderia aceitá-lo de braços abertos?
Rafael já se preparava para voltar ao escritório, quando escutou uma voz baixa às suas costas:
— Sr. Rafael... O meu irmão… Ele me odeia tanto assim?
A voz era fraca, quase como um sussurro de mosquito.
Carregava um peso evidente de tristeza e humildade desesperada.
Rafael apertou os lábios. Pensou:
“Precisa mesmo perguntar? Está na cara.”
Mas, por mais que aquele rapaz fosse um bastardo, ainda assim tinha um sobrenome mais forte