Agora que entendia tudo... Já era tarde demais.
A coberta estava apertada contra o peito. A figura alta do homem se encolhia, o rosto enterrado no travesseiro. Pouco a pouco, como se murchasse, ia se retraindo até virar um amontoado de dor. Preso num labirinto do qual não conseguia sair.
Em outro lugar, no mesmo momento...
— Ei, por que você tá me levando com você pra ver o Daniel? — Perguntou Letícia, lançando um olhar de lado enquanto dirigia.
— Homem e mulher sozinhos... Não pega bem fazer visita assim. Estou evitando mal-entendidos. — Respondeu Beatriz.
Letícia revirou os olhos.
— Ah, tá... E “homem e mulher sozinhos” pode a mulher fazer sopa pra ele? Bia, se você gosta dele, por que não admite logo? Fica aí com esse joguinho de falsa modéstia. O Daniel também gosta de você, sabia? Isso aí é amor correspondido!
Beatriz soltou um suspiro, sem graça diante do mal-entendido.
— Não viaja, vai. Ontem à noite o Daniel só me ajudou. Foi um ato de coragem. Eu só estou sendo grata...
— Acon