No banco do passageiro, Rafael ouvia os gritos desesperados misturados ao choro de Gabriel e não conseguiu evitar uma expressão de desaprovação. Franziu a testa e suspirou em silêncio.
“Se soubesse que ia chegar a esse ponto, por que fez o que fez lá atrás...
Dias atrás, ele já tinha alertado Gabriel: “Enfrente o que sente, antes que seja tarde.”
Mas naquela época, ele respondeu com arrogância, convicto de que nunca se arrependeria.
Na família Pereira, não adiantava o quanto o neto implorasse, chorasse ou gritasse.
Dessa vez, o Sr. Henrique estava irredutível.
Qualquer resquício de boa vontade que ainda pudesse ter sentido... Evaporou por completo. Sem um pingo de hesitação, desligou a ligação na cara do neto e ainda disparou uma última frase, seca como uma lâmina:
— Você não é digno da Bia.
No banco de trás do carro, Gabriel tentou ligar de novo. Uma, duas, três vezes. Mas o avô não atendia mais.
Foi nesse instante que ele quebrou por dentro. Seu coração, já em frangalhos, se despedaç