Às dez da manhã, Beatriz desceu para comprar os ingredientes. Preparou exatamente os três pratos que ele havia pedido, nem mais, nem menos. No horário certo, colocou tudo numa bolsa térmica e foi até a empresa entregar.
Era a primeira vez, em dois anos de casamento, que ela pisava em um ambiente público relacionado ao mundo profissional de Gabriel.
Ela não fazia ideia do que tinha dado nele naquele dia, mas não importava. Só deixaria a comida na recepção e iria embora.
Ao se aproximar do balcão e explicar o motivo da visita, a recepcionista a encarou com um olhar afiado e desconfiado. A resposta foi fria, quase hostil:
— Por favor, se retire. Antes que eu chame a segurança. Nossa empresa não permite a entrada de pessoas não autorizadas.
Beatriz apertou os lábios, respirou fundo por dois segundos e pegou o celular. Pensou em mandar uma mensagem para Gabriel, mas hesitou ao abrir a conversa, só de olhar, já se sentia cansada.
No fim, decidiu ligar direto para Rafael.
Saiu para a calçada