No hospital, o médico examinou o pé ferido de Beatriz e não conseguiu evitar um tom de repreensão:
— Você não está cuidando do seu corpo... Todas essas bolhas estouradas... Se isso infeccionar, não vai ser brincadeira.
Beatriz apenas baixou a cabeça, sem dizer nada.
Ficou olhando para o próprio pé, vermelho, inchado, machucado de cima a baixo.
Não era que ela não cuidava de si.
É que...
Alguém simplesmente não lhe dava escolha.
O médico examinou novamente e percebeu que a parte inferior das costas da garotinha, perto do cóccix, estava muito roxa, marcada por hematomas profundos. No braço, havia arranhões e machucados. Os olhos estavam inchados, vermelhos de tanto chorar, e durante todo o atendimento, ela não disse uma única palavra.
Ninguém a acompanhava.
Naquele momento, o médico praticamente teve certeza do que estava acontecendo. Respirou fundo e falou com suavidade, mas firmeza:
— Vamos fazer um raio-X da sua coluna e te internar para observação. Você não deveria voltar para casa a