Yasmin Markovic
Dois anos. Dois anos desde a noite em que tudo mudou. Dois anos desde que eu dei um tiro no meu avô e enterrei o passado junto com ele. Dois anos desde que eu me tornei uma nova pessoa — uma pessoa que eu mal reconhecia, mas que, de alguma forma, eu finalmente aceitava.
Agora, eu estava sentada na varanda da nossa casa em Moscou, o vento frio da manhã brincando com os fios do meu cabelo. Meu primeiro filho, Nikolai, brincava no jardim com a babá, suas risadas ecoando pelo ar como uma melodia que eu nunca cansava de ouvir. E, dentro de mim, o segundo filho que eu e Aleksey esperávamos dava pequenos chutes, como se já quisesse participar da brincadeira.
Eu olhei para o anel de casamento no meu dedo, um sorriso suave se formando nos meus lábios. Nosso casamento havia sido um sonho — realizado em uma praia paradisíaca em Inhambane, em Moçambique minha terra, longe de tudo e de todos que poderiam nos julgar. Ninguém da minha família tinha ideia do que realmente acontec