Isabella estava diante do espelho, terminando de ajustar um cachecol fino ao redor do pescoço, quando a campainha soou. Abriu a porta. Lá estava ele, Lorenzo, pontual como sempre. O sorriso que trazia nos lábios era fácil, quase displicente, mas havia algo atento no seu olhar. Como se estivesse sempre observando mais do que deixava transparecer.
Nas mãos, um pequeno buquê de flores silvestres.
— Para você — disse, estendendo o presente com naturalidade.
Isabella piscou, surpresa pelo gesto. Era algo tão simples, tão inesperadamente gentil, que seu coração acelerou sem pedir permissão.
— São lindas — agradeceu, sorrindo com sinceridade. Sentiu o rosto corar, uma cor suave nas bochechas. — Pronta para nossa caminhada?
Ela assentiu, com um brilho nos olhos que não se via há tempos. Leveza. Era isso que sentia. Como se, enfim, houvesse espaço dentro dela para respirar.
Mas ao virar-se para pegar a bolsa, ouviu passos pesados atrás de si. Passos que conhecia bem. Passos que não deveriam es