Capítulo 8
— Alguém tão inferior quanto eu? — Repeti as palavras, com minha voz suave.

Os convidados ao nosso redor estavam observando, sussurrando.

— Isabella, estou indo embora amanhã. — Tentei explicar. — O contrato está...

— Indo embora? — Isabella me cortou, a voz aguda. — Você acha que pode simplesmente ir embora?

Ela olhou em volta, certificando-se de ter uma plateia.

— Pessoal, vocês sabiam? Esta Senhorita Elara realmente pensou que poderia competir comigo, a noiva de verdade. — Ela riu zombeteiramente. — Uma restauradora que dormiu para subir na vida, pensou mesmo que poderia se tornar a esposa do Don?

Os convidados murmuraram, alguns me olhando com desprezo.

— O que é ainda mais engraçado — Isabella continuou — é que ela achou que Dante abriria mão da aliança entre nossas duas famílias por ela. Que piada!

Senti seus olhares de escárnio, mas eu já estava dormente.

— Você terminou? — Perguntei calmamente.

— Nem perto. — Os olhos de Isabella brilharam com malícia. — Eu quero que todos saibam qual é o seu verdadeiro lugar no coração de Dante. Você vale menos que um cachorro.

Eu me virei e saí do salão de festas.

Ninguém me parou.

Nem mesmo Dante.

Duas horas depois, eu estava em um táxi, observando as luzes da cidade se tornarem borrões pela janela.

Minha mala estava no banco de trás, contendo tudo o que eu possuía.

Uma passagem só de ida para a Califórnia estava na minha mão.

— Quase lá, senhorita. — O motorista disse.

Mas o carro de repente virou em uma rua lateral deserta.

— Este não é a caminho do aeroporto. — Eu disse, de repente em alerta.

— Desculpe, senhorita. — A voz do motorista ficou fria. — Alguém quer vê-la.

Meu coração disparou.

Eu estava sendo sequestrada?

O carro parou em frente a um prédio de um apartamento antigo.

Dois homens saíram e abriram minha porta.

— Saia. — Um deles disse.

Fui conduzida para um apartamento. Era simples, mas limpo.

Uma figura familiar estava sentada na sala de estar.

Dante.

Ele estava de camisa preta, parecia cansado.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei friamente.

Ele se levantou e caminhou em minha direção.

— Elara, precisamos conversar.

— Não há nada para conversar. — Eu me virei para sair. — Deixe-me ir.

Ele me agarrou por trás, segurando-me exatamente como costumava fazer.

— Eu fiz o que tinha que fazer. — Ele murmurou no meu ouvido. A voz dele era rouca. Não era um pedido de desculpas. Era um fato.

Eu lutei contra ele.

— Me solta!

— Me escute. — Ele apertou os braços. — Isabella suspeita de nós. Se eu tivesse protegido você, ela teria contado ao pai, e a aliança teria acabado.

— E daí?

— Você não entende. — Ele me virou para encará-lo, o aperto dele me machucando. — Não se trata de sentimentos. É sobre poder. Se a aliança for rompida, significa guerra. Meus homens morrem. As famílias deles sofrem.

Olhei nos olhos dele.

— Então você escolheu me sacrificar.

— Não sacrificar. Proteger. — Ele acariciou minha bochecha. — Eu encontrei sua passagem de avião. Você está indo para a Califórnia?

Meu coração afundou.

— Essa é a minha liberdade.

— Não, Elara. — Ele balançou a cabeça. — Você pode pedir demissão. Mas você não pode me deixar.

— O que isso significa?

— Estou enviando você para a propriedade na Costa Oeste. — O dedo dele traçou meus lábios. — Você vai me esperar lá, assim como conversamos.

— Eu não vou. — Eu o empurrei. — Eu não te amo mais. Estou indo embora de vez, para começar uma nova vida.

A expressão dele instantaneamente se tornou perigosa.

— Você não me ama? — Ele avançou sobre mim. — Então por que você chorou durante a Roleta Russa?

— Eu estava com medo!

— Não. Você chorou porque se sentiu traída por mim. — Ele me prendeu contra a parede. — Se você não me amasse, por que se sentiria traída?

Eu não consegui responder.

A boca dele se esmagou contra a minha, silenciando meus protestos.

O beijo familiar e exigente destruiu minha determinação.

— Não... — Eu o empurrei, mas meu corpo me traiu.

Ele me pegou nos braços e me levou para o quarto.

— Dante, não faça isso...

Mas ele não parou.

Ele me deitou na cama, os olhos incendiados com possessividade.

— Você é minha, Elara. — Ele disse enquanto começava a me despir. — Você sempre será.

Eu tentei lutar, mas cinco anos de história e o toque familiar me deixaram fraca.

Quando ele entrou em mim, fechei os olhos.

Ele foi brusco, como se estivesse liberando toda a raiva e medo.

Eu sabia que aquilo não era amor. Era propriedade.

Depois, ele me levou para o banheiro.

A água quente caiu sobre nós enquanto ele me limpava gentilmente.

— Eu te amo, Elara. — Ele sussurrou no meu ouvido. — Eu não posso perder você.

Eu não respondi.

De volta à cama, ele pegou um par de algemas na mesinha de cabeceira.

— O que você está fazendo? — Perguntei em pânico.

— Garantindo que você não fuja. — Ele algemou meu pulso direito na cabeceira de ferro. — Vou providenciar um avião para levar você para a Costa Oeste amanhã.

Eu puxei a algema, furiosa.

— Você está louco! E se Isabella descobrir que ainda estamos juntos?

— Ela não vai descobrir. — Ele disse, deitando-se ao meu lado. — A propriedade é isolada. Eu direi a ela que você deixou o país.

— E se ela descobrir?

A expressão dele endureceu.

— Então você terá que ser inteligente o suficiente para não arruinar a aliança entre nossas famílias.

Eu não podia acreditar no que ouvia.

— Então é esse o plano? Eu sou seu segredo sujo? Sua amante em uma gaiola dourada?

— É a única maneira. — Ele disse, com a voz definitiva. — Esta é a nossa realidade agora, Elara. Não há outra escolha.

— Seu desgraçado! — Eu estapeei o peito dele com a mão livre.

— É a realidade. — Ele agarrou minha mão.

Olhei para ele, o homem que um dia amei tão profundamente.

Ele queria me manter como seu canário, trancada em uma gaiola, sem nunca ver a luz do dia.

— Eu te odeio. — Cuspi.

— Eu sei. — Ele beijou minha testa. — Eu prefiro que você me odeie do que perder você.

Ele adormeceu rapidamente.

Eu deitei ao lado dele, minha mão direita acorrentada.

Mas eu fiz uma promessa. No momento em que chegasse à Costa Oeste, eu escaparia.

Não importava o custo.

Ou talvez... talvez Antonio pudesse me ajudar.

Na manhã seguinte, Dante me soltou das algemas.

— O avião decola às nove. — Ele disse. — Antonio irá com você.

Claro que iria.

Eu não disse nada.

Duas horas depois, eu estava no jatinho particular de Dante.

Olhei para Antonio, sentado à minha frente, e sorri.

Dante não sabia que Antonio era um agente disfarçado da família rival, os Torrino.

Quando decidi ir embora de vez, ele me abordou.

Ele prometeu que poderia me ajudar a desaparecer com uma nova identidade e que eu poderia continuar meu trabalho sob a proteção deles.

Era hora dele cumprir essa promessa.

Em uma hora, Dante receberia a notícia.

Acidente de avião. Não há sobreviventes.

Olhei pela janela de um avião diferente, indo em outra direção.

E, pela primeira vez em meses, sorri.

Um sorriso de verdade.

A dívida estava paga.
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