Narrado por Leonardo
Sentei na poltrona do escritório com o corpo tenso, os dedos batucando no braço da cadeira como se isso fosse aliviar a pressão no meu peito. O tique nervoso era tudo que me restava. Um jeito idiota e involuntário de tentar conter o caos dentro de mim.
Clara tinha sido sentenciada.
E não era uma sentença leve. Foram vinte e cinco anos, sem chance de condicional antes dos dezoito. Como se ela fosse um monstro. Como se ela tivesse pegado uma faca e atacado uma criança, como se fosse uma psicopata. Não. Ela só queria ver a Isabela. Só isso.
Mas não. Eles decidiram que minha mulher tinha que apodrecer atrás das grades. E eu... eu não podia aceitar isso.
Diante de mim, o novo advogado — Dr. Otávio Bernardes — analisava os papéis com a mesma calma que se espera de quem tá decidindo se vai tomar chá ou café. A frieza dele me irritava. Era como se a vida da minha mulher fosse só mais uma pilha no canto da mesa dele.