Leonardo acordou inquieto naquela manhã.
O lençol amarrotado ao seu lado deixava mais claro o vazio em que ele afundava dia após dia. Já fazia semanas desde a última vez que conseguira dormir sem sonhar com Clara gritando, com o som das grades batendo, com o olhar dela, entre a dor e o desprezo. A cela estreita da cadeia feminina onde Clara cumpria pena parecia mais sufocante a cada dia — mesmo ele estando do lado de fora. Era como se estivesse preso com ela, em outra forma de cativeiro: o da culpa.
Desde a condenação, Leonardo se tornara outro homem. Mais magro, mais pálido, com olheiras profundas e movimentos hesitantes. Ele dizia a si mesmo que ainda havia chance. Que conseguiria reverter. Que bastava uma brecha no sistema, um tropeço do destino, uma assinatura no papel certo. Mas era mentira. E ele sabia.
Ainda assim, ele acreditava. Não na Justiça — mas no amor doentio que sentia por Clara. Mesmo depois de tudo, mesmo depois de assinar documentos se afastando de Isabella, sua fil