Cap. 179
Ela dobrava algumas roupas com cuidado, como quem realiza um ritual íntimo. Em cada peça, depositava mais do que tecido: colocava esperança, medo e uma coragem que nem sabia que tinha.
Na porta do quarto, Mariana observava em silêncio.
— Vai mesmo fazer isso? Nós já percebemos e estamos todos felizes que você não perdeu, isso é um milagre, mas... — sussurrou, num tom que era mais constatação do que pergunta.
Aurora levantou os olhos, firmes apesar do rosto cansado.
— Não posso ficar. Não com ele dizendo que se sente aliviado... Não com ele afundando e levando tudo com ele. Eu não vou deixar que essa criança sofra antes mesmo de nascer.
Mariana assentiu. Caminhou até ela e pegou a mala de suas mãos.
— Então vamos fazer isso direito.
No final da tarde, Mariana ligou para Andrews e avisou que levaria Aurora para a casa de sua tia — ela queria ver seus irmãos.
— Estou levando a Aurora para um passeio. Ela está sufocando aqui. Precisa... ver gente, mudar o ar. Seus irmãos vão anim