O corpo inteiro se estremeceu de medo. ‘Vamos ver como é sentir a carne se partir’, ainda ecoava sob a mente atormentada da jovem mulher. Se ela ao menos soubesse quem era a Pax, jamais teria se envolvido naquela situação, mas agora era tarde demais. Ela já não podia fugir do próprio pesadelo. Siena não poderia fugir do destino que a aguardava, como um tormento que parecia nunca acabar, e Siena não poderia fugir do destino reservado a Pax.
O que aquela mulher havia feito na cidade para que fosse odiada com tamanha intensidade? Siena não obteve respostas, embora seus olhos clamassem por elas. Mesmo assim, foi amarrada pelos pulsos e arrastada até a cidade. A notícia de que a jovem havia mentido sobre a gravidez havia se espalhado por todos os lugares, e ninguém sentiria pena dela.Os risos dos homens que a arrastavam como um animal pareciam ofensivos, e ela temia a própria sorte. Foi a primeira vez que ela realmente pensou sobre a proposta absurda do antigo noivo. Foi a primeira vez que ela ponderou se não deveria ter aceitado o acordo.A sensação de ser arrastada como uma escrava não poderia ser definida como nada além da humilhação, mas a forma como as pessoas a encaravam, cheias de ódio no olhar, a deixou ainda mais desesperada. O que havia acontecido naquele lugar? Por que ela deveria morrer? O que aconteceria se a Siena Robins dissesse a verdade?– Agora você vai pagar, m*****a cadela!Siena deixou que os olhos se enchessem de lágrimas. Ela não merecia pagar por nenhum crime. Ela não deveria ser punida por algo que nunca fez, e ela não poderia sofrer por algo que sequer sabia que havia acontecido naquele lugar.– Eu não sou a mulher que você está pensando.Uma longa gargalhada ecoou como um assombro, e ela sentiu cada parte do corpo tremer como um terremoto. As pernas estavam quase falhando depois de andar até muito longe. Siena já não podia mais aguentar.– Você não muda nunca! – O homem afirmou.Rapidamente Siena se lembrou das palavras da mulher que havia ido procurar. ‘Ele não vai acreditar em você. Ninguém vai’, ela concluiu tarde demais.Os joelhos cederam quando o vislumbre da cidade havia surgido diante dos olhos verdes intensos. A cabeleira ruiva completamente bagunçada pelo vento assemelhava-se a labaredas de fogo em sua própria dança, mas era seu peito o que queimava com a dor da antecipação.Ela viu o olhar de ódio de cada pessoa que parava seus passos enquanto Siena caminhava. Pareciam pobres e magros, e ela concluiu que não deveriam ser daquela maneira. O que estava acontecendo naquela cidade?– Por que me olham assim?– Cala a sua m*****a boca, vadia! – Um dos homens exigiu.– Nós deveríamos nos aproveitar dela.– Melhor não. Ela é do Sr. Black agora.Uma longa gargalhada se seguiu, enchendo o peito de Siena com uma dor que ela jamais havia sentido antes. Nem mesmo a possibilidade da sua morte a tinha deixado tão amedrontada, e ela se perguntou se não deveria mesmo ter se deixado levar pela doença.– Acha que o Sr. Sebastian Black se importa com ela? Todos na cidade sabem que ele só se casou por obrigação...O outro homem a encarou, sentindo todo o ódio o dominar. – Bebê que não existe... Como se tudo que ela já o tivesse feito não tivesse bastado! – O rancor tomou conta das palavras, e ela sentiu o ódio em cada sílaba.Então um dos homens simplesmente a agarrou pelos braços e rasgou a roupa que protegia seu corpo da nudez. As marcas da noite anterior os fizeram rir.Uma atrocidade estava prestes a ser cometida naquela cidade, mas nem sequer uma única pessoa parecia se importar com aquilo. Foi quando Siena Robins teve a certeza de que não teria qualquer chance de escapar viva.Para Sebastian Black, livrar-se da Siena seria uma grande benção, então por que alguém deveria se preocupar que ele ficasse bravo? Por que alguém acharia que aquele homem importante se vingaria deles por tomar o que lhes era direito. Afinal, não fariam nada que o pai dela já não tivesse feito. Não fariam nada que a própria Pax não tenha ajudado o maldito ditador a fazer.Siena cruzava os braços em frente ao corpo, cobrindo os seios pequenos. O corpo magro ainda era esbelto e atraente, e um deles saboreou a pele macia, ao passar os dedos nojentos pelo sulco das costas.Ela esperava que ele abrisse a calça e a tocasse em baixo, e aquilo seria seu maior pesadelo, mas a dor aguda a atingiu como uma surpresa ingrata. Ela gritou desesperadamente.As pessoas ainda estavam paradas, observando e suspirando profundamente. Siena sequer parecia representar um ser humano para aquelas pessoas, e se perguntou se o marido a via da mesma maneira.Muitos haviam morrido de fome por causa do pai da senhorita Pax, a dama de fogo. A mulher de cabelos vermelhos que aterrorizava a qualquer morador da cidade, mesmo que enquanto ainda era uma criança. Mas bastou apenas um jogo de sorte para que o Sebastian se apoderasse de tudo. Desde então, a vida da mulher havia se tornado miserável, ela precisava aplicar-lhe mais um golpe certeiro, como no passado, onde arruinou sua vida e sua carreira.Uma lágrima solitária percorreu o caminho do rosto perfeito. Siena foi curvada sobre uma mesa cheia de frutas. Sua roupa foi erguida e seu corpo exposto em parte que ela odiava imaginar que todos pudessem ver. A humilhação, os olhares, nada se comparava ao medo que ela sentiu quando o homem fétido se encostou nela, a tocando com as malditas partes íntimas, ainda na calça.Ela fechou os olhos, mas não conseguiu deixa-los daquela forma por muito tempo. A garota havia perdido qualquer esperança. Ela sabia que jamais seria salva. Ela sabia que ninguém a ajudaria naquele lugar.Quanto mais ele se esfregava nela, mais suas costas doíam, e ela poderia jurar que as marcas de cinto fizeram escorrer sangue. Ela não deveria se ferir. Ela não deveria perder sangue. Siena não podia de forma alguma se machucar, e sabia que aquele líquido vital a faria morrer, mas naquele momento, era tudo que ela mais desejava que acontecesse.Os olhos dela encontrou o único rosto familiar no meio da multidão, e ela o encarou como se já estivesse morta.