Toda mulher idealiza o grande dia do casamento, seja ela afortunada ou não, e com Siena não foi diferente. Ela tinha seus próprios sonhos, mas infelizmente o destino decidiu brincar com seus dias de maneira impiedosa. Em um momento de dificuldade financeira, após se decepcionar com sua mãe e seu ex-noivo, Siena aceitou uma proposta de uma desconhecida em troca de dinheiro. Uma decisão que, naquele momento, parecia fazer toda a diferença. Assim, ela se viu em uma nova condição, cercada por pessoas que não conhecia, em um lugar onde jamais imaginou morar. No entanto, ainda faltava conhecer o homem com quem ela concordou em se casar. Siena não fazia ideia de quem ele era, não tinha noção do que seus dias ao lado daquele estranho se tornariam, e da vingança prestes a tornar seus dias mais infernais do que jamais sonhou. Darkromance.
Ler maisA quase três meses, Siena sequer tinha para onde ir, e agora entrava em uma mansão adornada do mais puro luxo. Nada naquele lugar parecia familiar, embora ela tentasse fingir que o conhecia perfeitamente.
Os nomes das pessoas que surgiam no ambiente foram ditos com educação, mas ela nem sequer os conhecia de verdade. Ela nem mesmo sabia quem seria seu marido, ou como ele tratava sua esposa verdadeira. Esperava apenas que ele se mantivesse desinteressado o bastante para que ela não fosse obrigada a se deitar com ele toda noite.Mas as mulheres frenéticas ainda insistiam em arruma-la como uma princesa em sua primeira noite de núpcias, e naquele momento, Siena sentiu o coração acelerar ainda mais. Como entregar-se para um homem que sequer viu? Tanto tempo guardando-se para a pessoa certa e agora entregaria seu maior tesouro a um completo desconhecido.A sensação de estar naquela situação a deixava tensa e magoada. Ela ainda não havia superado a primeira traição do noivo com sua mãe, e as contas do hospital passaram a acumular com muita rapidez. Ela não teve escolha. E no momento em que uma mulher a abordou, propondo que assumisse o lugar de sua filha no casamento, ela não recuou. O que mais Siena poderia fazer? Já estava a beira da falência e tinha certeza de que não poderia fazer o tratamento se continuasse a gastar tanto dinheiro. Tudo que ela tinha certeza era de que queria viver com toda a sua força de vontade.Ela se encarou de frente para o espelho, ansiando pelo momento em que aquele homem a deixaria plantada, a esperando como uma boba durante toda a noite. E Siena torceu por isso com cada musculo do seu corpo.A porta se abriu, e o homem alto e imponente surgiu, rompendo as barreiras do quarto . Ele já estava sem camisa quando invadiu o ambiente, forçando a para junto de si. Era um marido apaixonado? Provavelmente não.Embora ela tentasse manter as esperanças em seus olhos confusos, ele a agarrou pelas bochechas e a encarou com firmeza. O olhar penetrante era tão frio que quase a congelou por dentro.Ela teve certeza de que um homem poderoso como aquele pretendia exercer poder em tudo que fazia, e ela sabia que ele não seria delicado. Tentando ser firme, ela evitou que as lágrimas caíssem, maculando a roupa branca, mas os olhos ainda estavam marejados.Ele não sorriu, ele não demonstrou felicidade. Nada no rosto impassível se alterou. Ele era como um cubo de gelo imenso que estava pronto para feri-la ferozmente. A forma séria com a qual ele a encarava a deixou em estado de alerta. – O que foi? Por que você está tão assustada? – Ele pareceu bravo.Siena não sabia o que pensar enquanto o encarava. Ele ainda era lindo como um anjo e cruel como o diabo em pessoa. – Eu não sei. Eu só estou com medo.- Medo de mim? – Ele ainda manteve os lábios sérios colados um ao outro. – Por que?A voz grossa como a de um leão rugindo a deixava apavorada e tudo que ele dizia para ela parecia cruel, ainda que não fosse a intenção.- Eu não sei. É a nossa primeira noite, e eu...Ele contorceu o rosto, cheio de indignação. – Primeira? Você só pode estar de sacanagem comigo, Pax.- N-Não. É que eu... – A doce mulher passou a gaguejar o desespero por estar tão perto ao homem. O coração acelerado a deixava completamente trêmula, e por pouco Siena não fugiu pela única janela aberta do quarto.- Esqueça! Apenas tire a roupa e deite na cama.- O que? – Os olhos se arregalaram, em desespero.- É uma ordem! Vai agora!- Eu não sou sua escrava, Sr...Foi a primeira vez que aquele homem sorriu para ela, mas de alguma forma, pareceu diabólico, e ela teve a certeza de que odiava a visão daqueles dentes brancos perfeitos exibidos para ela.- Você atormentou a minha vida para se casar. E você sabia que droga encontraria comigo. Mesmo diante das minhas propostas, você foi uma desgraçada, e quis se casar. Então, agora, meu amor, você vai pagar todo o martírio que o seu pai me fez por anos.- Meu pai? O que o meu pai fez, eu... – Ela tateou para trás, temendo os passos que o homem dava em direção a ela.Sebastian ainda conseguia sentir cada uma das torturas do maldito velho que lhe custaram uma vida realmente miserável por bastante tempo. E agora, rico, aquela mulher estava tentando aplicar um golpe a ele? Ela jamais sairia livre disso. Pax merecia uma lição, e ele estava pronto para dar a ela das piores formas.- Se você é inútil até para me obedecer, então de que me serviu casar com você? – Ele nem mesmo piscou ao revelar as palavras duras para ela.Siena sentiu-se tonta de tanto medo, mas ainda era atrevida demais para ficar calada. – Se você acha que mulheres servem apenas para isso, então nem deveria mesmo se casar! – Ela percebeu o erro logo depois.Lá está. A expressão de ódio disfarçado de um sorriso sinistro no rosto daquele homem, que a apavorava mais uma vez. Siena sentiu cada membro do corpo se contrair em um medo genuíno, e ela já nem sabia mais se estava sentindo mau estar da doença ou do pavor que percorria pelas veias cansadas.- Ótimo. Você gosta de me desafiar, pequena. Vamos jogar.- Jogar? – Ela sentiu um súbito alivio, e por dois segundos, chegou a exibir um breve sorriso, mas logo o desfez. Ele não falava sobre uma brincadeira real, e ela só conseguiu lamentar por perceber tarde demais. – Do que você está falando?- Eu vou ser um pouco mais cruel a cada segundo que você continuar usando as roupas. É escolha sua.- Não quero isso! – Ela afirmou, tremendo de medo.- Então tire a roupa e deite na cama! – Ele ordenou mais uma vez, e apesar do rosto não ter se modificado, havia uma clara falta de paciência. – Um, dois, três, quatro... – Ele começou a contar. As lembranças das chicotadas que a Pax deu nele apenas para zombar, ainda estavam vividas na memória daquele homem enorme.Os números foram pausados quando Sienna, lentamente ergueu as mãos trêmulas e deslizou a alça da camisola pelo ombro delicado. Os olhos marejados eram orgulhosos demais para deixar escapar as lágrimas que a pobre mulher tentava esconder. O orgulho ainda fazia parte da forma como ela olhava e até como se portava diante dele.Mas ela não era uma rainha. O Sebastian Black, no entanto, poderia se considerar o rei. Ele era dono daquela cidade, e mandava em todo o estado em que morava.- Agora deite na cama. De bruços! – Ele parecia levemente divertido ao falar aquelas palavras.Siena sentiu um zumbido no ouvido a atingir com brutalidade, e lamentou a própria sorte no mundo. Para que nasceu em um destino tão cruel, onde sua vida parecia recém-saída de um roteiro de terror?- Mas...- Tudo que você tem que dizer é: sim senhor!Siena mal podia ouvir os próprios sons de dor, na verdade, mal parecia senti-los. Fazendo força, sentindo seu corpo enfraquecendo cada vez mais, seu sangue que deixava seu corpo, Siena Robins mantinha os olhos fixados aos do Sebastian Black. Aquele homem, olhando para sua barriga, não para ela, parecia o mais preocupado das criaturas, mas também, o homem mais seguro e forte que ela já podia ter visto em sua vida. Mas as lembranças, aquelas lembranças ruins estavam ali, atormentando a cada segundo. Sua situação parecia não estar completamente perfeita. A forma como Siena escutava era como ouvir sons, por baixo da água. Em câmera lenta, Siena olhou para os rostos tão atarefados, e então voltou para o Sebastian Black. “empurra. Vamos, faça força!” a tirou dos pensamentos. Siena olhou para a mãe novamente, e ela parecia tão segura de tudo que fazia. Suas memórias começavam a voltar aos poucos. A forma como ela chorou nos braços da Dáda, o seu desespero pelo desprezo do marido, a forma co
Siena Robins estava desesperada. Todas as dores que sentiu antes. Ah, nada se comparava com aquilo. Seu rosto estava distorcido para um misto de dor e alegria. O bebê finalmente estava vindo. Seu milagre... Milagre? Por que milagre? Siena Robins se lembrou de que não poderia ter filhos, nunca! Jamais! Não depois de sua doença... Não depois de tantos tratamentos. Sua garganta doeu quando ela se lembrou. Uma lágrima escorreu, mas suas mãos deslizaram na barriga, e ela ficou tão feliz. – Meu anjo... Meu anjinho... – Siena Robins sussurrou. Os olhos felizes tão sinceros percorrendo a protuberância da própria barriga. Não importava se aquilo nunca voltasse a ser como antes. Pouco importava se deixasse marcas. Siena queria apenas aquela criança em seus braços. – Eu vou fazer tudo por você! – Uma promessa. A porta abriu. Aquele médico odioso entrou. Estava realmente apressado. Sua maleta colocada ao lado da cama. Rapidamente passou a examinar a barriga da Siena Robins, com todos os espas
Siena Robins tinha os olhos arregalados. Um som estrondoso surgiu no ambiente, criando um eco terrível no ambiente. O cérebro dela demorou alguns segundos para processar o que aconteceu. Antes que Siena Robins pudesse tocar sua barriga novamente, sentiu que estava bem. Por que sua dor não aconteceu? Por que seu bebê não chutava em desespero, pedindo para sair, pelo seu suspiro? Siena olhou para baixo, e encontrou aqueles olhos tão lindos, tão profundos, tão familiares. Sua dor aumentou. Siena Robins viu a cena que jamais imaginou em sua vida. Sebastian Black estava de joelhos, abraçado a barriga, protegendo deu bebê. Os lábios dele tremiam, mas Sebastian parecia tão feliz naquele momento. Nenhuma dor no mundo jamais voltaria a atingi-lo outra vez. Nada mais seria capaz de atingi-lo. Talvez tudo que tenha passado, serviu para que ele reagisse daquela forma, naquele momento. Talvez eu propósito de tantos sofrimentos fosse entender que sua vida não era tão importante. Talvez ele não te
Os olhos da Siena Robins escorregaram para as mãos do Bruce Jacobs. A mãe da Siena Robins apareceu logo atrás dele, entregando o objeto maldito. Aquele item enferrujado a tiraria do mundo para sempre. Os olhos da Siena estavam encharcados de lágrimas, mas para a tristeza das pessoas ao redor, Siena esboçou preocupação apenas com sua barriga, colocando as mãos para proteger o bebê. – Por favor, atira na cabeça! Não mata o bebê! Bruce Jacobs hesitou. Que tipo de pedido estranho aquela mulher foi capaz de fazer? Que mulher desejaria ser desfigurada antes do velório? – O que? Ficou maluca? – Bruce quase gritou, coçando a cabeça. – Como eu vou estragar esse rosto lindo. A mulher atrás do Bruce Jacobs ainda sustentava as mãos daquele homem no ar, fazendo com que a arma estivesse apontada apenas para Siena. – Vai. Mata ela. Tanto trabalho para criar essa ingrata. Siena Robins sentiu a lágrima quente rolando em seu rosto. Os olhos dela encontraram o fundo da alma daquela mulher, apenas
Siena Robins decidiu que buscaria Zozo na escola aquele dia, mas olhando para a cidade, tentava se decidir se havia feito a escolha certa. Por alguma razão, a rua parecia tão deserta. Siena podia ouvir o som da água no rio pela primeira vez desde o dia em que foi arrastada por ele. Uma onda de medo a preencheu. Sua mãos estavam suadas, seu cabelo esboçava reações de uma forma tão irritante, como se a mandasse ir embora ‘Volta, volta’, Siena Robins ouviu repetidamente em sua mente. Tudo estava vazio, inclusive ela. Apenas o medo a preenchia. Os olhos estavam atentos, até que encontraram com o rio. Seus pensamentos pairaram pela água brilhante em tons escuros e amarelados do sol. Onde estava as pessoas daquela cidade? Por que não estavam na rua, em seus afazeres? Aconteceu algo que somente Siena Robins desconhecia? Siena continuou seu caminho, mas uma dor. Ah, aquela dor tão estranha a encheu de medo. Seus pés decidiram se mover em direção a escola. Os portões estavam fechados. As pes
Sebastian olhava para ela de baixo, os olhos cheios de lágrimas, a boca seca pela espera da resposta. O nervoso estava começando a corroê-lo tanto quanto a dor em seu peito, que o martelava, martelava, e o machucava a cada batida. Por que ela não respondia. Os joelhos estavam começando a doer, mas que se dane a dor. Que se dane qualquer coisa além da resposta que ele precisava ouvir. – Siena? – Sebastian Black a chamou, tirando-a dos pensamentos.Os olhos da Siena Robins estavam tão retos, olhando para a parede. Para o quadro bonito na parede. Para a representação do que Siena Robins ainda não tinha em sua vida. – Eu... – Sua voz parecia falhar. – Eu sinto inveja. Sebastian tinha uma voz tão baixa que quase sussurrou. Era a dor o afetando bem mais do que gostaria. – Do que? – Foi tudo que ele conseguiu dizer com a rouquidão irritante o matando por dentro. – As vezes eu olho para os seus quadros nas paredes. Sua família era perfeita. Eu quero ter isso. Sebastian parecia surpre
Último capítulo