Por Aaron D'Angelo
Era no mínimo estranho dividir a cama com alguém, mas com Marina foi mais confortável do que eu pensava.
Quando acordamos pela manhã, fui o primeiro e por alguns minutos não pude evitar acariciar sua cabeça.
Vê-la dormir ali, tão serena e calma, não parecia a mesma secretária que eu tinha no escritório.
Em certo momento ela já não dormia mais tão pesado e achei melhor parar de mexer com o cabelo dela.
Seus olhos se abriam aos pouquinhos e ela me surpreendeu com um " bom dia" acompanhado de um meigo sorriso, mas logo voltou a si e se afastou.
Desci da cama e me espreguicei de pé.
De repente Marina tampou a boca com a mão e se curvou pra frente.
Preocupado atravessei a cama e me coloquei ao seu lado.
— O quê foi?
— Nada, apenas enjoos matinais. — Ela sorriu amarga.
— Vêm, o banheiro está aqui do lado. — Disse a apoiando pela cintura.
Enquanto a deixei no banheiro, colocando o pouco que havia em seu estômago pra fora, parei para refletir.
Não poderia estar certo, nunca fui do tipo que me importava com terceiros, se não fosse me beneficiar. E agora a secretária praticamente me tinha como dama de companhia.
— Não tenho que cuidar dela... — Disse a mim mesmo.
— Aaron... pode me trazer a toalha? — Ela pediu e eu imediatamente lhe levei.
Parecia uma espécie de controle, mas eu não estava bem e não ficaria enquanto estivesse comendo na mão de Marina.
Ela saiu de perto do vaso e vendo a palidez que exibia, achei que o melhor para ela seria deixá-la descansar até a hora da partida.
Não conseguia deixar de ser complacente com ela e isso de algum modo me irritava ainda mais.
Voltamos para o quarto e tratei de organizar os travesseiros confortavelmente atrás dela.
— Está bom assim?
Ela levantou a cabeça e uma lágrima escorreu de seu rosto.
— Obrigada Aaron.
Eu era tão bom assim a ponto de emocioná-la ?
— Por quê está chorando? -Tive que perguntar.
— Por quê você está sendo legal? — Ela desabou em lágrimas.
— Ei, ei... — Sentei na cama e sem saber o quê fazer para consolá-la lhe abracei.
Seu rosto se afundou em meus ombros e pescoço, suas mãos passavam por minhas costas e seu choro foi se reduzindo aos poucos.
— Melhor? — Disse depois de todos os ruídos cessaram.
A afastei para ver seu rosto, Marina dormia novamente.
— Como consegue mexer comigo ? — Perguntei-me porquê sabia que dela não teria uma resposta.