Chamei o médico da família e pedi a última dose do inibidor.
— Senhora, você precisa dar à luz agora! — Estarrecido, o médico falou. — Se continuar adiando, a senhora vai arriscar a sua vida e a dos bebês!
Fechei a boca e, antes de falar qualquer coisa, o segurança de Vincenzo entrou abruptamente e me arrancou da cama de parto com brutalidade.
— Os sinais vitais da senhora estão caindo! — O médico gritou desesperadamente. — Movê-la forçadamente pode causar hemorragia! Isso é uma sentença de morte para todos!
Os seguranças não deram ouvidos ao médico e me arrastaram pelo salão de festas da mansão. Outras amantes de Vincenzo também foram trazidas, algumas tinham barrigas grandes e também estavam prestes a dar à luz.Em seguida, todas as mulheres, incluindo eu, fomos forçadas a engolir uma garrafa de um potente remédio abortivo que tinha um gosto amargo.O salão virou um caos, gritos de dor e pavor ecoaram.
— Mesmo que tenhamos o filho, nunca seremos reconhecidas! Por que deveríamos perder nossos filhos? Ah! dói muito! Socorro!
Eu também tomei toda a garrafa de remédio, e o trabalho de parto, que estava sendo controlado pelos inibidores, imediatamente desabou. O sangue encharcou o meu roupão de seda.
Meus gritos atraíram a atenção das outras mulheres presentes, que me olhavam aterrorizadamente:
— A senhora também tomou o remédio? Ela vai dar à luz a qualquer momento!
— Não é a Sra. Avelina que deu à luz? Então, quem queria a vida de nossos filhos?
Com dor, mal consegui me manter de pé e, com esforço, gritei para os seguranças na porta:
— Chame um médico! Vou morrer!
Nesse momento, Lúcia, vestida com um terno branco sob medida, entrou, abraçada a Vincenzo. Ela parecia radiante, nem parecia uma mulher que acabou de dar à luz.
Quando Vincenzo entrou e viu as amantes caídas no chão, seu rosto se tornou sombrio.
Lúcia, porém, viu-me no meio da multidão e gritou de forma afetada:
— Nossa! Sra. Avelina, o que você está fazendo? Por que todas as mulheres perderam seus filhos?
— Que coisa horrível, se não fosse por Vincenzo, meu filho também estaria perdido. Senhora, por que você é tão cruel?
Com os olhos cheios de lágrimas, Lúcia me acusou diretamente, jogando toda a culpa em mim.
Eu neguei, balançando a cabeça, pronta para falar, mas antes que eu pudesse, uma mão grande me empurrou para o chão.
— Sua vadia! Aproveitou minha ausência para fazer isso! Seu ciúmes é tão forte que quer matar todas elas e os filhos delas!
Encolhi-me de dor, mas olhei a Lúcia, que estava atrás dele, sorrindo com um ar de satisfação.
Eu gritei, cerrando os dentes:
— Eu não fiz isso... Deve ter sido ela...
— Ainda quer mentir? — A voz dele ecoou pelo salão quando gritou. — Não é a primeira vez que machuca alguém por ciúmes! Desta vez, não vou mais te tolerar.
Ele deu ordens às amantes que haviam perdido os filhos:
— Dêem uma bofetada nela, e depois mandem-nas para os melhores hospitais particulares para descansar.
Os seguranças me prenderam no centro do salão, ignorando completamente o sangue que continuava a escorrer de meu corpo.
Com lágrimas nos olhos, as meninas se aproximaram e disseram pesarosamente: — Desculpe, senhora...
Uma a uma, as bofetadas foram dadas, e fiquei tonta, com a metade do meu rosto dormente.
Depois que todas foram levadas, Vicenzo pareceu satisfeito quando pegou o bebê envolto num cobertor fino e veio até mim com a Lúcia ao seu lado.
Seus olhos avaliaram o meu corpo coberto de sangue e, por um momento, pareceu perplexo.Mas logo seu olhar se endureceu e ele disse em voz baixa:
— Não me culpe por deixá-las te baterem. Elas perderam os filhos e eu precisava punir você em público para que tudo passasse sem problemas. E também para te mostrar que não vou mais te tolerar. Se você tentar machucar alguém de novo, o resultado será pior.
— E não tente roubar o lugar de herdeiro, pois já é do filho de Lúcia.
Senti meu corpo inteiro tremer, e olhei para ele.
Então percebi: não era só eu que renasci.
Não era de se espantar que Lúcia tivesse conseguido manipular a situação e ele imediatamente me acusasse.
Na vida passada, a Lúcia tinha me culpado e me condenado à morte junto aos meus filhos. Eu ri com amargura, com os olhos vermelhos de tanto chorar.
— Avelina, não adianta se fazer de vítima. — Ele disse em voz fria.
— Eu já tinha pedido para o médico dar a Lúcia o remédio para induzir o parto. Ela deu à luz antes de você. Como eu disse antes, o meu filho primogênito será o herdeiro. Não importa se você é legalmente minha esposa. Eu ri amargamente, segurando minha barriga, e disse baixinho:
— Eu tomei o inibidor, adiei o parto para facilitar vocês. Mas por que ainda não me deixa ter meu filho? Por que me forçar a tomar remédio e matar meus filhos?
Ele parou, franzindo a testa.
— Não fale bobagens. Sua data de parto já havia passado, perguntei ao médico, você já deu à luz.
Com grande esforço, estendi minha mão suja de sangue e agarrei sua calça, forçando-o a tocar minha barriga ainda inchada.
Sentindo repulsa, ele rapidamente afastou minha mão.
— Lúcia acabou de dar à luz e não pode sentir cheiro de sangue. — Ele advertiu rispidamente. — Não faça mais isso — ordenou com veemência. — Aliás, só há um jeito de provar que você não tentou prejudicar a Lúcia — ele acrescentou. — Amanhã, durante a conferência da família, quero que admita que você não conseguiu dar à luz e, por isso, pediu a Lúcia para gerar o bebê no seu lugar. Vincenzo trocou um olhar cúmplice com a mulher ao seu lado antes de continuar:
— Depois, transfira todas as suas ações, imóveis e fundos para ela e seu filho. Seja uma boa esposa e cuide deles. — Vincenzo praticamente exigiu. — Se você tentar fazer qualquer coisa de errado, desta vez, eu não vou punir só você. Seu pai, que está gravemente ferido e em coma, também sofrerá as consequências no hospital particular da família.