O responsável pelo hospital hesitou por um instante e respondeu em voz baixa:
— Espere um momento, vou verificar.
Enquanto aguardava, a mente de Vincenzo já fugira daquele lugar.
Na vida anterior, ele tinha despertado de uma explosão dirigida a ele. Sua mãe, com os olhos vermelhos, contara que o homem — o pai da menina que o acompanhara — fora gravemente ferido ao salvá‑lo. Depois disso, aquela garota tornara‑se parte da família e ele deveria cuidar dela.
Ele lembrava dela sorrindo, determinada, embora os olhos estivessem inchados de choro. Naquele instante, algo no peito gelado de Vincenzo havia amolecido.
No começo, tudo nascera de um senso de dever.
Ela tinha medo dos assuntos da família e ele a ensinou a lidar com aquilo.
Na primeira vez em que fora arrastada para um tiroteio, foi ele quem a protegeu e lhe disse para não temer.
Aos poucos ela crescera, e uma luz estranha, que não pertencia àquele mundo de sangue, começara a brilhar nela. Isso o assustou: temeu que outros homens