POV: Alexander
A chuva não parava.
Ela martelava os vidros da mansão como se o céu tivesse decidido desabar junto com a minha sanidade.
Eu os vi.
A estufa estava parcialmente encoberta pela neblina, mas bastou um vislumbre — o toque dos corpos, o beijo sem pudor, a intimidade crua — para o mundo perder o eixo sob meus pés. Emily e Noah. Como se eu nunca tivesse existido.
Senti o sangue pulsar nas têmporas, quente, feroz. A raiva me consumia, mas não era só ciúme. Era dor. Um tipo de dor que eu achei que jamais sentiria novamente desde a morte da minha mãe. Um vazio corrosivo.
Ela era minha.
Mesmo quando me odiava, ainda era.
Emily sempre foi a única pessoa capaz de me ver, de atravessar minhas defesas. Eu a empurrei, é verdade, por orgulho, por medo. Mas nunca, nem por um segundo, deixei de tê-la em mim.
E agora…
Agora ela estava nos braços de outro.
Afastei a cortina com mais força do que deveria, o tecido rasgando em minhas mãos como se refletisse o que eu sentia por dentro. Respire