A Rotina da UTI
Paul Evans
O tempo na Unidade de Terapia Intensiva não era medido em horas, mas em bipes e silêncios. Uma semana havia passado desde o acidente, e o mundo exterior era um borrão distante. A minha vida se resumia àquela poltrona dura ao lado da cama de Catarina, ao ritmo constante do monitor cardíaco e à luz fraca que filtrava da janela.
A fuga de Jussara era uma ferida aberta, uma vingança inacabada que me consumia. Eu tinha Aaron, Bernardo e três equipes de investigadores particulares rastreando-a, mas a cobra havia se enterrado fundo. Ela era uma fantasma, e a incapacidade de encontrá-la era uma tortura constante. Mas minha prioridade era aqui. Era ela.
Eu me tornei o guardião do quarto.
Minha rotina era monótona, quase ritualística. Acordar antes do sol, olhar para o rosto pálido de Cat sob a leve compressão da bandagem, e sentir o pânico silencioso. Eu passava as mãos pelos tubos e fios, agradecendo a cada um por mantê-la respirando por ela.
O toque se torn