As gotas de sangue caiam, pingando contra o chão frio e escuro da adega, formando pequenas manchas rubras que contrastavam com o cimento cinza. O ambiente estava impregnado de um ar pesado e de um silêncio tenso, interrompido apenas pelo som dos gritos e gemidos de Henry Whitaker, o advogado dos Ravenscroft.
Henry, amarrado pelos pulsos a um suporte de metal, estava em uma posição vulnerável, sua postura exausta e os olhos semicerrados demonstrando a dor e o desespero que ele estava enfrentando. A sala era pequena e abafada, com o cheiro de vinho envelhecido misturado ao aroma metálico do sangue. As paredes, cobertas por prateleiras de garrafas de vinho, pareciam testemunhar a crueldade do momento.
O advogado, um dos homens de maior confiança de Robert, havia sido colocado em uma situação para a qual não estava preparado. Sua lealdade e confiança em Robert haviam sido desafiadas pela realidade implacável da máfia, e agora ele estava pagando o preço por sua resistência.
Eu observava a cena com uma expressão fria e impassível. Henry, no início, não havia sido facilmente convencido a alterar as cláusulas do testamento. Sua relutância em colaborar era compreensível, mas no mundo da máfia, a recusa não era uma opção. O que parecia ser uma negociação se transformara em uma questão de força e controle.
Os gritos e gemidos de Henry tornavam-se abafados, quase como um eco distante, enquanto os torturadores trabalhavam com uma eficiência calculada. Cada movimento, cada toque, era meticulosamente planejado para extrair as informações necessárias sem matar a vítima imediatamente. O objetivo era garantir que ele entendesse a seriedade da situação e que, mesmo diante da dor, falasse a verdade que precisávamos ouvir.
Eu caminhava lentamente pelo espaço, a minha presença marcando a diferença entre uma situação que poderia ser vista como um mero ato de violência e uma demonstração clara de autoridade. Meu olhar era fixo e determinado, refletindo a frieza com que tratava assuntos que envolviam o controle e a manutenção do poder.
A tortura de Henry não era apenas um método de obtenção de informações; era uma mensagem. Era uma forma de deixar claro que a máfia não tolerava desobediência e que o preço da traição ou da falta de cooperação era sempre alto. A mudança nas cláusulas do testamento, a revisão das condições que Robert havia imposto, era uma questão de assegurar que a fortuna dos Ravenscroft estivesse completamente sob nosso controle.
Com o tempo, os gemidos e os gritos diminuíam, e a atmosfera na adega se tornava mais densa e carregada. Henry, agora quase à beira da consciência, começava a revelar o que sabíamos que ele estava escondendo. Suas palavras, entrecortadas por respirações ofegantes e pela dor, começavam a fornecer as informações necessárias.
Eu sabia que era apenas uma questão de tempo até que ele falasse completamente. A máfia tinha suas próprias maneiras de lidar com a traição e a deslealdade, e a cena diante de mim era um lembrete brutal e claro da maneira como as coisas eram tratadas. A adega, com seu chão manchado e a atmosfera carregada, tornava-se o palco para uma conclusão inevitável, um exemplo para todos que pensassem em desafiar a nossa autoridade ou a nossa capacidade de controle.