O celular vibrou de novo. Eloise abriu, e a mensagem era curta, mas carregada de algo que ela ainda não sabia nomear.
Augusto Monteiro:
Boa noite. Dorme bem, meu anjo, de preferência pensando em mim.
O coração dela deu um salto. Não havia arrogância ali, só um cuidado inesperado. Anjo. O apelido caiu como um afago silencioso, íntimo demais para não a desarmar.
Mordeu o lábio, lutando contra a vontade de sorrir ainda mais largo. Digitou devagar, sem jeito:
Eloise:
Boa noite, Augusto.
Guardou o celular no colo, mas a sensação ficou. Uma leveza estranha, quente, como se tivesse recebido um abraço à distância.
...
Do outro lado da cidade.
Augusto Monteiro estava sentado na varanda, a camisa branca aberta no peito. Entre os dedos, um copo de whisky. O gelo tilintava contra o vidro, mas o sabor forte parecia fraco comparado ao que queimava por dentro.
O apartamento estava mergulhado em penumbra. A cidade se estendia diante dele, um mar de luzes espalhadas pelo horizonte, mas nad