CARA A CARA
O prédio não era um prédio.
Era um esqueleto.
Concreto exposto.
Pilares nus.
O eco das cidades que nunca terminam de nascer.
Não havia paredes.
Não havia elevador — apenas o vão vazio onde ele deveria estar.
E as escadas, estreitas, ásperas, subiam como uma espinha dorsal de concreto, conduzindo para cima — e para a queda.
Augusto parou diante da entrada.
Olhou para cima.
Medindo.
Calculando.
Atrás dele, os dois homens armados esperavam, imóveis.
Um deles deu o primeiro passo.
— Abre os braços.
A voz não veio alta.
Veio seca.
Automática.
De quem já fez isso muitas vezes.
Augusto obedeceu sem desvio.
O outro bandido manteve a arma apontada para o peito dele — sem tremor, sem aviso.
O primeiro colocou as mãos na cintura dele, revistando, até sentir o metal.
A arma.
Ele a puxou devagar, como se fosse uma vitória pessoal.
— Ora, ora… — ele riu, apoiando a arma de Augusto na própria cintura. — Ia levar isso pra onde?
Augusto não respondeu.
O homem não esperava resposta.
Pegou