A Voz de Quem Ninguém Ouvia
A sala de visitas do presídio era fria — não só no ar, mas no silêncio.
Uma mesa de metal separava Augusto e Thomas do homem sentado à frente deles.
Wesley Silva não era grande. Não era violento.
Mas parecia carregado por um mundo inteiro de derrotas.
Os olhos dele — cansados, fundos — não tinham arrogância, nem resistência.
Somente verdade crua.
Ele respirou fundo antes de falar:
— Senhor Augusto… investigador Thomas… — começou, com a voz rouca. — Eu não quero dinheiro. Não tô aqui pra pedir nada. Eu só quero… uma chance. Uma conversa limpa. Eu vou contar tudo o que sei. E… se for possível… — engoliu seco — queria a ajuda de vocês.
Thomas manteve o olhar firme, atento.
Augusto apenas ouviu — sério, mas não fechado.
Wesley passou a mão pelo rosto, tremendo.
— Eu tô aqui porque fiz merda. Eu sei disso. — A voz dele falhou, mas não recuou. — Eu invadi uma farmácia com uma arma.
Augusto permaneceu imóvel.
Thomas apenas ergueu o queix