Capítulo 235
A Voz de Quem Ninguém Ouvia

A sala de visitas do presídio era fria — não só no ar, mas no silêncio.

Uma mesa de metal separava Augusto e Thomas do homem sentado à frente deles.

Wesley Silva não era grande. Não era violento.

Mas parecia carregado por um mundo inteiro de derrotas.

Os olhos dele — cansados, fundos — não tinham arrogância, nem resistência.

Somente verdade crua.

Ele respirou fundo antes de falar:

— Senhor Augusto… investigador Thomas… — começou, com a voz rouca. — Eu não quero dinheiro. Não tô aqui pra pedir nada. Eu só quero… uma chance. Uma conversa limpa. Eu vou contar tudo o que sei. E… se for possível… — engoliu seco — queria a ajuda de vocês.

Thomas manteve o olhar firme, atento.

Augusto apenas ouviu — sério, mas não fechado.

Wesley passou a mão pelo rosto, tremendo.

— Eu tô aqui porque fiz merda. Eu sei disso. — A voz dele falhou, mas não recuou. — Eu invadi uma farmácia com uma arma.

Augusto permaneceu imóvel.

Thomas apenas ergueu o queix
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