O Veneno do Poder
No escritório, Antônio, ao ouvir o pequeno som da porcelana tilintando, olhou imediatamente para a porta.
— O que faz aí parada ?— murmurou
Márcia empurrou a porta suavemente e entrou com a bandeja ainda quente nas mãos, o chá exalando vapor. Ia apenas deixar a bebida e avisar que Antônio precisava repousar — pequeno gesto cotidiano que agora parecia um risco.
Por um segundo, a expressão dele foi calma; depois algo feroz surgiu nos olhos. A palavra “morto” ainda vibrava no ar como um trovão abafado. Márcia tentou recuar, a bandeja tremendo.
— O que foi, Márcia? — a voz dele soou baixa, controlada, como a de quem prepara uma sentença.
Ela abriu a boca para dizer que só vinha com o chá. Tentou fingir naturalidade. O homem, porém, era mais perspicaz do que ela imaginara. Em vez de aceitar a xícara, Antônio agarrou a bandeja com força, fez um movimento brusco — a porcelana escapou das mãos de Márcia e se espatifou no chão, espalhando chá quente e cacos que tilin