As peças escondidas
Eloise saiu da sala com as pernas trêmulas. A porta se fechou atrás dela, mas as palavras de Augusto ainda queimavam em sua mente como brasas.
Do lado de fora, Heitor estava encostado à parede, braços cruzados. O olhar dele caiu imediatamente sobre ela: os olhos vermelhos, o rosto molhado, a respiração descompassada.
Ele deu um passo à frente, o tom mais sério do que nunca:
— Eloise… — chamou baixinho. — Vai encontrar a Nathalia. Ela avisou que vocês vão almoçar juntas.
Ela tentou protestar, mas ele ergueu a mão.
— Não precisa voltar hoje. Tire a tarde de folga. Respira. Você merece, entende?
O peito dela arfou. Agradeceu apenas com um aceno, antes de seguir apressada pelo corredor.
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No banheiro da empresa, Eloise se apoiou na pia de mármore. O espelho a encarava sem piedade. Os olhos estavam vermelhos, já começando a inchar. Passou os dedos pelas pálpebras úmidas, mas não adiantou.
— Eu vou te arrancar do meu coração, Augusto Monteiro… — murmurou, a v