Início / Romance / Entre livros e amores / A porta da oportunidade
A porta da oportunidade

Quando paramos em frente ao luxuoso prédio do escritório Mayfair Design meu coração já estava acelerado. Ali por dois motivos: o momento de despedida com Aleksander e logo em seguida uma entrevista para o estágio. Ser adulta era encarar os desafios de cabeça erguida, mas em muitos momentos ainda me sinto como uma garota inexperiente, e isso me deixa ansiosa.

Ele se vira em minha direção, buscando minha mão ao encontro da dele. Sua expressão continua amorosa.

— Fique calma e confie em você, no seu potencial, ok?! Vou estar torcendo por você…

— Muito obrigada, Aleksander. Seu carinho é um grande apoio nesse momento de ansiedade.

Meus olhos transpareciam toda a gratidão que eu estava sentindo por ele. Naquele momento sua presença era mais do que importante para mim, seria difícil estar ali sozinha antes de entrar.

— Te ligo à noite para conversarmos. Agora vá antes que se atrase. — no mesmo instante, ele me puxa suavemente em sua direção e cobre meus lábios suavemente, em um beijo que parecia uma carícia, leve e morno.

Era tudo que eu precisava antes de entrar para a entrevista, seu toque revigorante, capaz de me fazer sentir viva, em cada parte do meu ser.

Correspondo seu beijo com um desejo ardente queimando entre as pernas.

— Nos falamos mais tarde. Até logo, Aleksander.

Ele permanece parado com o carro até eu entrar completamente no edifício. Ao entrar, sem precisar me virar, consigo ouvir perfeitamente o barulho de seu carro esvaindo dali.

Meu coração parecia acompanhar o ritmo apressado dos meus passos. Cada vez que meus olhos subiam pelo hall de entrada do prédio, a sensação de incredulidade só aumentava. O letreiro em prata escovada refletia os raios alaranjados da tarde, destacando com imponência o nome Mayfair Design.

Era mais do que um edifício. Era um monumento à sofisticação. O hall de entrada minimalista e grandioso transmitia poder sem esforço: paredes inteiramente de vidro fumê, colunas em mármore cinza-claro e uma porta giratória que brilhava como se tivesse sido recém polida. O reflexo da minha própria imagem surgiu no vidro — cabelos presos em um coque despojado, blazer preto emprestado da Dakota e uma pasta com meu currículo apertado contra meu peito. Respirei fundo, tentando disfarçar o nervosismo e segui adiante em direção ao elevador.

O ar frio do saguão me envolveu de imediato. Uma fragrância sutil de lírios brancos pairava no ambiente, misturando-se ao leve aroma de café vindo de algum canto próximo. O espaço era um espetáculo à parte: o piso em mármore branco com detalhes dourados refletia as luzes dos lustres de cristal que pendiam do teto altíssimo. Quadros abstratos em cores discretas ocupavam as paredes laterais, e um balcão de recepção em madeira e aço escovado dominava o centro, onde uma recepcionista ruiva impecavelmente trajada sorria com profissionalismo.

Imediatamente me senti deslocada, como se não pertencesse àquele lugar, era como se eu tivesse invadido um cenário de revista de arquitetura.

— Bom dia, senhorita. — A voz da recepcionista me fez despertar. — Tem horário marcado?

— Sim, tenho uma entrevista com a senhorita Penélope. — minha voz quase falhou, mas consegui sustentar o tom firme e profissional. — Me chamo Spencer Manfield, vim para entrevista no cargo de estagiária.

— Perfeito. — A recepcionista conferiu em seu tablet, depois sorriu novamente. — Pode subir, ela já a aguarda no 18º andar. Elevadores à sua direita.

— Muito obrigada. — assenti com um sorriso cordial.

A subida foi silenciosa, marcada apenas pelo som suave da música ambiente, conjunto ao barulho metálico do elevador. Ao abrir as portas fiquei encantada com o que vi: O andar da Mayfair Design parecia um ateliê moderno mesclado com galeria de arte. Espaços amplos, mesas de trabalho brancas e polidas, computadores de última geração e estantes repletas de maquetes arquitetônicas detalhadas. Grandes janelas permitiam que a luz natural inundasse o ambiente, revelando vistas deslumbrantes da cidade.

O contraste entre o silêncio respeitoso e a energia criativa que pairava no ar subitamente me pensar que talvez eu não merecesse trabalhar em um ambiente como esse, mas ao mesmo tempo fiquei fascinada pela beleza do lugar. Tudo era milimetricamente calculado, planejado e executado para expor magnitude, luxo e sofisticação.

— Senhorita Spencer? — uma voz firme e cordial chamou minha atenção.

Uma mulher de postura impecável aproximou-se. Usava um tailleur azul marinho, sapatos de salto discretos e cabelos castanhos presos em um coque elegante. Os olhos claros transmitiam tanto rigor quanto simpatia.

— Sou Penelope. Seja bem-vinda à Mayfair Design.

Respirei fundo e estendi minha mão em um gesto cordial.

— Muito prazer, Penelope. Obrigada por me receber.

Penelope gesticulou indicando uma sala de vidro próxima, mobiliada com cadeiras de design italiano e uma mesa central em madeira.

— Vamos sentar?

Me acomodei em umas das cadeiras ao redor da mesa tentando não demonstrar o nervosismo. Penelope abriu uma pasta com meu currículo, ajustou os óculos de armação fina e lançou-lhe um olhar analítico.

— Vejo que você tem uma formação sólida em arquitetura, apesar de ainda estar na graduação. Experiência prática, no entanto, é algo que falta no seu currículo.

Engoli em seco. Infelizmente isso era verdade, tinha receio que esse detalhe pudesse me atrapalhar.

— Sim, é verdade. Mas… acredito que justamente por isso essa oportunidade significa tanto para mim. Quero aprender, absorver cada detalhe. E, se me derem a chance, prometo dedicação absoluta.

Penelope ergueu uma sobrancelha, interessada.

— E o que a fez escolher a Mayfair Design?

Olhei ao redor, tentando encontrar palavras que traduzissem o que eu realmente sentia em relação à isso.

— Acredito que arquitetura não é apenas construir prédios… mas criar experiências. A Mayfair Design tem essa identidade. Já vi os projetos de vocês transformando não só paisagens urbanas, mas a forma como as pessoas vivem e interagem com os espaços. Quero fazer parte disso.

Por um instante, Penelope silenciou. O olhar avaliador suavizou-se, e um leve sorriso surgiu.

— Interessante resposta. — Ela fechou a pasta. — É esse tipo de mindset que precisamos aqui na Mayfair. Pessoas jovens, com a mente em expansão. Gostei de você, Spencer.

Meu coração encheu de alegria nesse momento. Ainda não era um sim, mas ouvir que ela havia gostado de mim renovou minhas esperanças de conseguir a vaga. Eu precisava muito trabalhar, e ali seria um início promissor em minha carreira.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App