O homem que diz pouco — mas, de alguma forma, diz tudo.
Dia seguinte....
Anna
O relógio já passa das dez e dez quando a angústia começa a tomar conta de mim. Rafael prometeu passar para me buscar às nove e quarenta e cinco. A visita ao novo parceiro comercial é importante — ele mesmo disse isso ontem. Mas agora, quase meia hora depois, nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Nada.
O sol está inclemente, e eu continuo aqui, parada na entrada do prédio da empresa, tentando não parecer desesperada. O calor na calçada é sufocante, o salto já machuca meus pés, e o estômago vazio começa a gritar, avisando que não aguento mais. Respiro fundo, tentando manter a postura, mas o mal-estar se espalha como uma corrente elétrica pelo meu corpo, paralisando meus sentidos.
A tontura vem de repente, como um vendaval.
A visão embaça, o chão parece mais longe do que deveria, e, antes que eu consiga me apoiar na parede, sinto minhas pernas falharem. O mundo parece girar ao meu redor, um turbilhão de cores e formas que não consigo processar. Vou cair. Sei disso.
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