Anna

Ele está me evitando. Eu não preciso de confirmação verbal, nem de provas materiais. Basta observar os passos dele. O cuidado em escolher corredores, o modo como delega qualquer assunto relacionado a mim, a forma como evita até olhar na minha direção quando passamos pelo mesmo ambiente.

E isso me fere mais do que deveria.

Desde aquele dia no elevador, nada foi dito. Nenhuma palavra, nenhuma mensagem, nenhum gesto que me ajudasse a entender o que foi aquilo. O que significou. Se significou.

Não me arrependo do que aconteceu. Mas me arrependo de não saber onde piso agora.

Eu tento manter a rotina. Tento fingir que está tudo normal. Mas por dentro... tudo parece deslocado. Até mesmo o ar no meu andar parece mais denso. Sufocante.

Na minha mesa, tudo está em ordem. Meus relatórios estão atualizados, os e-mails respondidos. Faço tudo como deve ser feito. E mesmo assim, me sinto como se estivesse falhando em algo que nem sei nomear.

Já se passaram dias, e a imagem dele continua viva de