É errado? Eu não sei. Mas foi real e essa verdade me consome.
Raul
Dirijo sem rumo por alguns minutos. As mãos no volante estão tensas, os nós dos dedos brancos pela força. Eu deveria voltar ao restaurante. Deveria estar ao lado de Dara, terminando o jantar, fingindo que nada aconteceu.
Mas eu beijei a Anna.
E que Deus me perdoe... eu não consigo me arrepender de verdade.
Puxo o carro para o acostamento e esfrego o rosto com as duas mãos. O gosto dela ainda está na minha boca. O cheiro, nos meus pensamentos. E aquele olhar — aquele maldito olhar — que me desarma desde o primeiro dia.
Eu cruzei a linha. Quebrei todas as regras que jurei seguir.
Ela é nova na empresa. Ela está sob minha supervisão. E mais do que isso: ela está começando a confiar em Rafael. E eu? Eu sou o cara que a beija no elevador e sai correndo como um covarde.
Mas não foi covardia.
Foi medo. Medo do que ela faz comigo.
Olho meu reflexo no espelho retrovisor. O mesmo rosto de sempre, mas com olhos que não minto para mim mesmo há muito tempo. Estou fodido.
Anna
Chego em casa e,