Evitei. Evitei vê-la. Evitei sentir. Evitei ceder.
Horas depois, final da tarde...
Anna
A manhã virou tarde. E agora, o final dela pesa sobre mim como uma manta fria e eu me obrigo a manter os olhos na planilha. Os números dançam diante de mim, mas é uma dança vazia. Cada célula preenchida é uma tentativa desesperada de manter minha cabeça ocupada. De calar o que ecoa dentro de mim.
Talvez seja melhor assim. Mais importante do que ceder ao impulso de olhar para a porta toda vez que o som do elevador ecoa pela sala.
Faz tempo que não vejo Raul.
Ele não desceu mais.
Nenhum pedido.
Nenhuma reunião presencial.
Nenhum olhar.
Só e-mails.
Secos. Objetivos.
Como se fingir que nada aconteceu no elevador fosse a nossa nova realidade.
E talvez devesse mesmo ser.
Mas meu corpo... ainda guarda o toque dele.
O gosto.
A urgência.
Aquele momento ainda vive em mim.
Não importa quantos relatórios eu finalize.
Quantos cafés eu prepare.
E o som do elevador…
Ainda é meu gatilho inconsciente.
Cada vez que o escuto, meu corpo hesita.
Respira mais fundo.
Esp