Apertei o copo de whisky com tanta força que meus dedos doíam.
Como se a bebida pudesse, de alguma forma, dissolver a raiva que crescia dentro de mim.
O bar ao meu redor era um reflexo do que eu sentia por dentro: escuro, abafado, cheio de sombras distorcidas que se espalhavam pelos poucos rostos presentes.
Meu amigo Josef estava sentado à minha frente, em silêncio, apenas escutando enquanto eu despejava minha frustração entre goles amargos.
Era o que ele sabia fazer melhor: ouvir e não dizer nada até eu explodir por completo.
— Eu já sabia que meu irmão ia aprontar mais uma antes de morrer — comecei, a voz cheia de desprezo. — Mas, merda, ninguém nunca está preparado para isso. Você imagina... até se força a acreditar que ele vai se levantar daquela cama e tudo vai voltar ao normal. Mas, claro, não voltou.
Joguei a cabeça para trás e terminei o copo de uma vez só.
Meu rosto estava firme e frio.
Eu era o cara que não se abalava.
Mas a voz... essa não me deixava