Passei a mão pelo rosto, tentando afastar a angústia que sempre vinha com essa lembrança.
— E foi aí que percebi... que o amor que eu tinha por Gabriel era único. Insuperável. Não importa o que aconteça, ninguém jamais ocupará o lugar dele. Mas isso também me ensinou que preciso parar de procurar substituições, de tentar preencher aquele vazio com algo ou alguém.
Alby me olhava com olhos marejados, mas não interrompeu.
Ela sabia que eu precisava terminar, precisava expor aquilo para finalmente libertar um pouco do peso que carregava.
— Essa situação com Fernanda... — continuei, a voz mais baixa — Foi o empurrão que eu precisava para encarar minha dor de frente. Para aceitar que Gabriel me deu tudo o que eu precisava enquanto esteve aqui, e que agora... agora cabe a mim viver por ele.
O silêncio caiu sobre nós novamente, um silêncio leve.
Como se, ao compartilhar aquilo, eu tivesse finalmente começado a soltar as correntes que me prendiam.