As duas mulheres o acompanharam, Cristina queria somente ter contato com hospital, quando seus bebês nascessem no mês seguinte. Ao entrarem sentaram-se, e o doutor Marcos sentou-se e começou a contar:
— Bem, senhora Cristina. O seu esposo, o Thomas, se envolveu em acidente, colidindo com outro carro que vinha na pista contrária.
— Ele está bem doutor? — Cristina agarrava com força sua mãe pelo braço com força, que nem percebia que fazia isso.
— Eu peço que você seja forte, vejo que está grávida...
— Diga logo doutor, por favor! — Gritou Cristina dentro da sala, nunca gostou de surpresas em sua vida.
— Tem coisas nessa vida senhora que nos pega de surpresa....
— Doutor não enrole, como está o meu marido? — Lágrimas brotavam em seu rosto, tinha que escutar o que já gritava em seu cérebro a resposta.
— Eu sinto muito, mas infelizmente o seu esposo faleceu antes mesmo de chegar aqui no hospital.
A cabeça da Cristina girou, parecia um filme de terror, onde agora seu pior pesadelo se tornava real, o amor da sua vida morreu, e ela agora ficaria sozinha com os seus filhos?
Depois disso, ela lembrava em fragmentos cortados do que aconteceu no hospital. A sua mãe foi um grande suporte para ela nesse momento, ficava a segurando quando sentia que iria cair pelo baque da notícia recebida.
Ao lembrar do reconhecimento do corpo do seu amado, o seu coração até hoje sangrava. Naquela maca metálica, era um corpo que tinha vida até horas atrás, agora estava gélido e pálido em cima dela. Cristina fez até as pessoas da equipe médica que estava no quarto chorarem pela cena, todos se compadecem com a agora então viúva e mãe solo.
Já ouviram aquele ditado que diz: Nada é tão ruim que não possa piorar? Então, Cristina sentiu que até os dias atuais não saiu do pesadelo que sua vida se tornou desde a morte do Thomas.
Chegando no velório, toda a família deles, amigos e alguns colegas de trabalho, entre eles tinha uma que quando ela bateu os olhos, sentiu em seu coração algo estranho ao vê-la entrando e vindo em direção ao caixão do seu esposo.
A mesma chorava como se tivesse perdido alguém muito importante, era estranho porque Cristina nunca a tinha visto antes. E ao olhar ao redor, todos ficavam cochichando algo, olhava para ela e para a mulher que chegava, era na mesma faixa etária que ela, era loira, olhos azuis e a sua roupa, muito elegante e preta, simbolizando o luto.
Se aproximou do caixão e com um carinho estranho, passou a mão no rosto de Thomas. E logo depois, caminhou até a ela, e disse algo que incomodou ela :
— Meus pêsames, Thomas falava muito de você. Agora não saberei o que fazer ao perdê-lo dessa forma.
Cristina mesmo na dor, não devia estar tão surda assim, mas ela que havia enterrado o seu marido, e essa mulher que diz que perdeu ele?
— Quem é você?
— Eu me chamo Gabriela.
— E o que quis dizer em perder o meu marido? Que eu saiba, e todos aqui, eu que sou a viúva e mãe dos seus filhos. — Cristina passou a mão em sua barriga para confirmar o que dizia. A mulher a encarava como se não entendesse o que ela falava, a mãe da Cristina falou:
— Se acalma filha, deve haver algum mal entendido aqui. — Da porta surgiu o pai do Thomas, que ao ver a Gabriela conversando com Cristina, correu para perto.
— Gabriela, vamos sair daqui agora. — Ele tentou a puxar pelo braço, mas ela soltou-se e despejou de uma vez só tudo:
— Eu não irei sair daqui, todos aqui sabem que quem o Thomas amava era eu! Somente suportava essa mulher por causa desses filhos que ela carrega, ele se separaria dela depois que eles nascessem no mês seguinte.
— Cale a boca Gabriela! Aqui não é o momento para isso.
Cristina ao olhar em volta, percebeu que todos ali pareciam conhecer essa mulher, e pela reação do pai do seu marido, tinha algo que somente ela não conhecia. Em um pulo, levantou-se e gritando perguntou:
— Teodoro, e qual seria o momento para alguém me contar essa informação?
— Se acalme, Cristina. Depois te explico tudo., eu prometo.
— Não será depois, já que ela começou quero saber tudo que o meu marido fazia pelas minhas costas. — Todos baixaram a cabeça, e a mãe de Thomas se aproximou.
— Não fique nervosa querida, irá fazer mal para os bebês! — Rindo de nervoso, Cristina limpava as lágrimas em seu rosto voltando para todos ouvirem o que falava agora:
— Agora a senhora me pede calma, depois de escutar o que esse mulher, que nunca vi na minha vida, dizer que o meu marido, pai dos meus filhos à amava?! — Marta ao tentar argumentar, foi interrompida por Cristina, que levantou a sua mão para que a mesma nem tentar pará-la, hoje lembrando, nem ela sabia de onde tirou energia, mas agarrou a tal de Gabriela pelo braço bem forte.
— Me conte mais sobre ser o amor do meu marido e que ele se separaria de mim, Gabriela.
A Gabriela percebeu a besteira que tinha feito, pelo que escutava de Thomas, ela era doce, incapaz de alterar a voz, nunca mencionou esse lado mais enérgico da Cristina, que a encarava com fúria e seu aperto estava a machucando pois as suas unhas penetravam em sua pele.
— Depois de conversarmos, você não está bem agora.
— Depois nada, sua desgraçada. Será agora ou vou te fazer falar no tapa! O que você escolhe?
Ninguém nunca viu esse lado de Cristina, somente sua família conhecia o lado que escondia quando a tiravam do sério. Mentiras, fofocas e mexer com alguém que ela amava, fazia ela sair de si, chegando até a agressão física. Sua mãe, na hora lembrou quando ela era adoslecente e desmaiou uma colega de turma que havia inventado uma fofoca sobre ela e um professor, dizendo que os dois tinham um romance secreto.
— Calma filha, mês que vem seus filhos nascem, não passe esse nervoso agora, por favor.
— Estou ótima mãe, não se preocupe. Somente desejo saber o que ela tem a falar! Diga, o que escolhe?— Cristina sacudiu a mulher com raiva, Gabriela não vendo escapatória falou a verdade.
Que o seu marido Thomas e ela estavam juntos há mais de três anos, que a família dele sabia e, o pior, ele não escondia seu caso para ninguém que estava ali no velório. E dizia para todos que quando os bebês nascessem, iria se separar dela e viver com seu verdadeiro amor, que era ela.
O príncipe encantado, lindo, gentil que Cristina amava com toda a sua alma, somente existia em sua cabeça, durante anos ele a enganava, e o pior, todos juntos escondiam isso dela. Todo seu lado mulher ferida pela traição recém descoberta, o amor que achou que viveu foi uma completo mentira, seu marido era um traidor.Cristina, olhava para todos enquanto a mulher falava, e todos abaixaram a cabeça de vergonha, somente os seus familiares pareciam tão chocados quanto ela. Deu um passo próximo do caixão para olhar mais um vez, agora no rosto pálido de Thomas. Os pais dele, somente repetiam olhando para ela:— Nós realmente sentimos muito Cristina, queríamos lhe contar mas nosso filho não nos permitiu, fique calma.Cristina, lembrou de como Thomas havia mudado de um tempo para cá, de como estava frio e até gritando com ela estava fazendo. Sua ficha começou a cair naquele momento, tudo fez sentido, e num ato de fúria, sem aviso prévio gritou com a voz carregada de raiva e mágoa:— Pois bem,
— Olha quem chegou na casa da vovó. — Silvia, agarrou Ângelo e Sofia, e vendo sua filha, deu um beijo em Cristina. — E você meu amor, está bem?— Sim mãe, papai já foi trabalhar?— Saiu daqui às seis, vamos tomar um café? Fiz um bolo de cenoura maravilhoso.— Nós já comemos algo, eu vou tomar somente aquele café preto que somente a senhora sabe fazer. Eu tento fazer igual, mas é impossível mãe!— A mãe de Cristina riu:— É os anos de experiência minha filha. E vocês, pequenos, querem o bolo da vovó?— Queremos! — Tudo era uma festa para eles, e como gêmeos, mesmo sendo diferentes, sempre respondiam juntos algumas frases sem ao menos combinar um com o outro.— Cristina, hoje você irá demorar para chegar?— Acho que não mãe, tenho uma reunião com um possível arquiteto lá na empresa, mas acho que até às seis da tarde eu chego.— Tudo bem então, vem que a mãe fará aquele frango assado que você ama.Mesmo com tudo que viveu, sua carreira profissional deslanchou. Abriu sua empresa de cosmé
Cristina, mesmo sendo quem é hoje em dia, quis fugir dali nesse exato momento. Fernando ainda não sabia o efeito que causava nela. Ela, fingiu não ouvi-lo, tinha que focar no que vieram fazer ali. Seu lado profissional tinha que ser o seu objetivo. Não podia quebrar a sua promessa!— Bem, Miguel me informou que você tem algumas ideias para me mostrar. Quero ver se a sua ideia combina com a que já possuo.— Claro. — Com um sorriso ele tirando da sua bolsa, ele jogou sobre a mesa vários papéis com o design da loja como se já estivesse pronta. Cristina ficou encantada, parecia que ele havia tirado suas ideias de tudo que sonhava para a sua loja. Ele, ao vê-la passando a mão nos desenhos, percebeu que tinha acertado o gosto dela, realmente os estudos prévios que havia feito, tinha o ajudado. Não podia perder esse trabalho por vários motivos, porém ele não queria deixar de estar ao lado de Cristina. Ele sentia que atrás daquela postura fechada, algo dizia para ele que no fundo ela era do
— Eu não devia ter feito isso! — Fernando, ao voltar para a sua casa, ficava repetindo para si mesmo essa frase. Como ele poderia ter beijado sua possível contratante? Dentro dele era um misto de emoção e medo do que acabou de fazer. Beijar alguém assim, sem nem ao menos conhecê-la, era algo novo em sua vida.Antes de chegar em casa, passou em uma loja de conveniência para comprar o que ele chamava todos os dias da sua janta. Que era um macarrão instantâneo, um salgado sabor carne e um refrigerante de soda. Fernando desde que a sua avó faleceu no ano anterior, era raro as vezes que ele preparava uma refeição de verdade. E Sônia, a ajudante em sua casa, nunca permitiu que a mesma cozinhasse para ele. Nunca foi de abusar das pessoas em sua vida, então se virava na cozinha como podia.Ao chegar em frente da sua casa, toda vez sem perceber, ele por segundos ficava receoso para entrar. Mesmo hoje ele sendo um homem adulto e que saiba se defender, o seu menino que ainda vivia dentro dele nã
Cristina, hoje amanheceu diferente dos outros dias, onde ficava olhando no espelho e revivendo toda sua vida por muito tempo. Enquanto se via refletida ficava passando a mão em seu rosto tentando encontrar alguma marca causada pelo tempo. Tentou falhamente esquecer o beijo com Fernando, porém era impossível que isso acontecesse, algo dentro dela havia mudado.Hoje, diferente dos outros dias, sem perceber escolheu a melhor roupa que possuía e até ousou passar um gloss com um tom bem claro de rosa. Os seus filhos ficaram encantados em como a sua mãe estava linda com um conjunto vermelho de um terno antigo que ela tinha, onde era um colete e uma calça da mesma cor em alfaiataria. Nem ela recordava a quanto tempo o guarda e fazia tempos que não o colocava.Ela tinha perdido a vontade de se arrumar a anos. Cristina não queria admitir mas toda essa produção era para alguém, sendo ele o recém contratado por ela para ser o arquiteto principal em sua nova loja, o Fernando. Na noite anterior ai
Cristina sentia a respiração de Fernando tão próxima que o seu coração acelerou sem que ela pudesse controlar, tinha medo dele conseguir escutar. Uma mecha solta do cabelo do Fernando roçava suavemente em seus lábios. Era um toque leve, era suave, mas que fez seu corpo inteiro reagir com um arrepio. Os olhos de Fernando estavam fixos nos dela, e a recordação do beijo do dia anterior percorreu sua mente, provocando outro arrepio involuntário. Era como uma confissão silenciosa do desejo que implorava dentro dela, suplicando por mais, muito mais daquele beijo.A respiração de Fernando tornou-se mais acelerada. O calor de seu corpo se aproximava, até que os dois estavam tão próximos que ele podia sentir o perfume suave dela, um aroma que parecia impregnado em sua mente. Nem ele entendia por que agia assim, mas algo nele ansiava desesperadamente por Cristina. A sua mão, hesitante, deslizou lentamente até sua cintura, e Cristina, sem se mover, apenas se deixava levar. Seu olhar denunciava
Cristina observava o semblante dele à sua frente e viu o quanto as suas palavras o deixaram desapontado, algo dentro dela também estava. Não entendia essa vontade dentro dela em se justificar, ela somente queria fugir de qualquer envolvimento entre os dois.— Não sei o que deu em mim ontem, espero que não pense errado sobre a minha pessoa. Vamos deixar a nossa relação no campo profissional, e provavelmente você deve pensar o mesmo que eu. — Não deve colocar palavras na minha boca Cristina, eu tinha outros planos para nós….— Não pense, por favor. Não quero viver nada relacionado com romances em minha vida. Na sala ficou um silêncio entre os dois, Fernando queria argumentar e convencê-la a mudar de ideia, porém não podia obrigá-la. Cristina olhava somente para sua bolsa, aquela mesma voz de antes gritava para ela não fazer isso, não o afaste, entretanto o seus traumas e medos a impedia de querer algo a mais com ele. Ela ia levantando para partir, achou que o assunto já havia terminad
A correria da inauguração da Renova, com seus últimos detalhes e a ansiedade de todos eram visíveis, mas finalmente cedeu espaço para a empolgação dos preparativos da viagem que Cristina havia preparado. Cristina, com um sorriso radiante que iluminava seu rosto, distribuía os últimos detalhes aos funcionários, visivelmente animada com a perspectiva de presentear a equipe que tanto se dedicaram à construção de seu sonho. Fernando, observando-a de longe, sentia um calor estranho no peito, uma mistura de admiração e desejo que o consumia. Como ela era linda, pensou, com a luz do sol refletindo em seus cabelos e a alegria transbordando em seus olhos.Por dias, ele tentou se aproximar, buscando brechas em sua armadura, mas Cristina parecia evitá-lo a todo custo. No entanto, ele via nos olhos dela, fugazes e intensos, que o beijo trocado entre eles havia mexido com seus sentimentos, despertando uma chama que ela lutava para apagar. A viagem, pensou ele, seria um respiro necessário para tod