Depois de passar seis anos fora de Lós Angeles, Julie Gordon enfim se vê em casa. Com seus amigos e com... ele, o homem mais irritante e galinha que conheceu, ignora-lo não é uma opção para Julie, porque seu coração armou uma armadilha muito bem feita. Às vezes o coração pode ser o seu maior inimigo, é na sua velha cidade mais conhecida por ser o seu pior pesadelo que encontrará porque lutar. O que Julie fará para passar seus obstáculos? O que ela fará com seu coração traidor? Talvez um pouco de dor seja necessário... Ou talvez enfrentar sem medo seus fantasmas seja a solução, difícil é criar coragem pra fazê-lo.
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A chuva estava tão forte que fiquei com medo dos pneus derraparem na estrada, então decidi diminuir a velocidade, quando de repente um som irritante que apontava que eu havia ficado sem combustível.
— Não, não, não, nãooo — praguejei irritada e encostei o meu carro na beira da estrada.
Hana, minha, pastor alemão que até então estava jogada no banco de trás acordou com o barulho.
— Ta tudo bem, meu amor, vou tirar a gente daqui — acariciei o seu pelo.
O pior de tudo, era que eu estava no meio do nada. Reclamei internamente por ter esquecido de colocar gasolina. A estrada está deserta, ainda bem que existe o telefone nessa época, tenho que agradecer ao Martim Cooper por ter inventado o celular e mais ainda ao Steve Jobs por ter criado o meu amor lindo chamado iPhone. Beatrice vai ter que me tirar dessa, liguei para o seu celular e no segundo toque ouvi a sua voz sonolenta.
— Porra Julie, você me ligou às três da madrugada?! Sabe o quão é cansativo ter que trabalhar e cuidar de uma criança? — reclamou com uma voz rouca.
— Eu não ligaria se não estivesse em apuros, o meu carro meio que acabou a gasolina — falei cuidadosa, escutei Beatrice bufar do outro lado da linha.
— Manda a localização que eu já to indo — e desligou o telefone na minha cara. Vaca.
Observei a chuva cair como se estivesse com raiva, fazendo aquele barulhão, pelo menos apagou perto de Los Angeles, mas agora terei que ouvir Beatrice dando um discurso que eu deveria ter mais responsabilidade e tudo mais, até me assusta por Beatrice ter mudado desse jeito, quero dizer, ela ficou mais madura, sensata, culpa daquele panaca que roubou a minha amiga de farra.
Lembro que aos fins de semanas nos encontrávamos para ir às pubs, a gente se divertia à beça, agora não tenho ninguém para ir farrear, vida dura essa minha.
O carro de Beatrice parou na frente do meu carro. Era um Range Rover branco, ser mãe deve ser difícil, Beatrice preferia descapotável. Tranquei o meu carro levando apenas a minha bolsa como os documentos, os cartões de crédito, o celular e a Hana. Entrei no carro de Beatrice correndo tentando fugir da chuva.
— Como vai ficar o meu carro?
— Não se preocupe, Zack vai chamar o guincho — me tranquilizou — que tipo de pessoa responsável faz quarenta e três horas de carro e esquece de colocar a gasolina?! — e vai começar o monólogo — é sério Julie, é bem perigoso ficar na estrada assim, ainda mais de noite, e se eu não tivesse atendido? Não pode…
Enquanto ela falava um monólogo sem fim, observei as características do seu novo carro, por dentro era mesmo um sonho e cheirava até a novo, atrás havia uma cadeirinha de bebé, posso apostar que essa cadeira pertence ao meu afilhado, no vidro de trás tinha um adesivo colado escrito "Baby on Board" (Bebé a bordo). Tudo no carro da minha amiga tinha mudado drasticamente, me pergunto se um dia conseguiria ser múltipla função como a minha amiga.
— ... Além disso, dormir é essencial, viajou quarenta três horas seguidas? Seria muito melhor se tivesse vindo de avião.
— Eu tinha algumas coisas para trazer, além disso, prefiro viajar no conforto do meu carro, e eu fui parando em hotéis para dormir — me defendi.
— Então por que só me avisou ontem que vinha? — tentou soar uma pergunta, mas falhou parecendo ofendida.
Eu fiquei muda por um momento. Talvez não tenha avisado porque Beatrice constituiu uma família e eu era só a sua melhor amiga, nem estávamos nos falando direito visto que ela estava bem... ocupada no seu trabalho e com o Eliot, já eu estava ocupada fazendo minha transferência, visto que vou continuar trabalhando para as empresas Emvergarden's Interprise, só vai mudar de prédio e chefe, adiante, eu estava ocupada, depois da faculdade, todos nos separamos.
— Desculpa, só esqueci — foram minhas únicas palavras e Beatrice se calou mesmo eu podendo ver nos seus olhos que a resposta não a convenceu.
Contar a ela sobre o quanto eu estou triste de "estar" sozinha estava totalmente fora de cogitação, não que eu estivesse com inveja, não, nem sei se quero procurar um amor, eu só queria curtir a vida, mas minha parceira se converteu em mulher compromissada, e mesmo muitos dizendo que isso não mudava nada, eu dscordei veemente porque eu sei que Beatrice tinha responsabilidades, uma família e eu sou realista, eu não participava dessa família mesmo que quisesse, então fiz o que achei mais sensato, eu me afastei. Queria que ela aproveitasse o seu felizes para sempre.
E eu... ficaria bem sozinha com Hana, já estava até de certa forma acostumada, durante toda a minha vida sobrevivi assim, não era agora que haveria mudanças. Há coisas que gosto de guardar para mim, ela não tinha a ver com os meus problemas. De certa forma, eu sentia falta dos tempos de escola, quando éramos adolescentes idiotas e não tínhamos previsão para o futuro, era apenas diversão e eu nunca estava sozinha, agora sou eu e Hana. É realidade.
Beatrice dirigia calmamente, não pude deixar de rir ao vê-la usando uma calça de moletom e uma t-shirt branca, antigamente ela diria que isso era um afronto contra a moda, que temos que estar bonitas mesmo quando dormimos. Quando Beatrice se olhou, ela logo entendeu o motivo de eu estar rindo e acabou rindo junto comigo.
— Estou feliz por estar de volta — declarou e eu sorri amarelo.
Mais à frente na estrada, avistei uma placa dizendo "Welcome to Los Angeles" (Bem vindos a Lós Angeles).
Realmente voltar não foi fácil. Viver em Cambridge foi como fugir da realidade, é claro que eu tinha responsabilidades, alguns colegas da faculdade e do trabalho. Foi bom, mas por algum motivo, voltar, foi a decisão mais acertada. Além disso, tenho um afilhado para mimar, quero fazer jus do meu trabalho de madrinha.
— Bom... Chegamos — Beatrice parou o carro em frente à sua grande casa.
Vim a essa casa poucas vezes, na maioria das vezes, ficava em casa dos meus pais ou num hotel. Beatrice girou a chave e assim entramos, as luzes estavam todas apagadas mostrando que todos dormiam, Beatrice ligou um abajur da sala apenas para dar um pouco de luz, havia brinquedos espalhados por toda a parte, mamadeiras nas bancadas, rabiscos em folhas na geladeira, uma cadeira de bebé para comer, uma casa colorida, na verdade, um típico lar de família.
— Bom, eu vou dormir, você pode ficar no quarto de hóspedes, só toma cuidado com os tapetes por causa da Hana — avisou e eu assenti.
Beatrice subiu as escadas parecendo um zumbi e eu decidi sentar no sofá, Hana subiu também e deitou a sua cabeça no meu colo, aproveitei para mexer os meus dedos entre o seu pelo, não estava muito cansada, acho que estava mais aérea do que qualquer coisa. Talvez voltar para Los Angeles me fez pensar nos bons e maus momentos em que tive nesse lugar. Mais nos maus do que nos bons.
Talvez ter voltado, não tenha sido uma boa ideia...
Apesar de toda a dor, acho que estava descobrindo um novo recomeço, isso era bom, eu não queria viver no meio da dor pra sempre, acho que no final, eu sempre quis um final feliz, mas jogar a culpa nos outros foi mais fácil no meu tempo de adolescente.Já sendo adulta, tinha consciência de que popularidade na verdade não existia, isso era apenas um termo para pessoas se aproveitarem das outras sendo pratinhas mimadas ou atletas.Acho que no fundo eu me sentia amargurada, todos que me desafiavam levavam as consequências, eu sabia ser má quando queria, mas eu nunca imaginei que eu, Julie Gordon ou melhor Julie Evergarden estaria aqui esperando o resultado.— Julie Evergarden, sala 4 — chamou pelo
Empacotei mais uma caixa e a juntei com as outras, olhei ao redor vendo que faltava pelo menos mais três caixas e suspirei cansada, hora de empacotar as coisas da Hana. Caminhei até a lavanderia e comecei a jogar todos os seus brinquedos que ficavam num grande baú para uma caixa, a tal ONG que a Beatrice participava poderia querer todos eles.Depois de guardar, dobrei os cobertores da Hana, sua coleira que tinha seu nome em prata, tudo que não era fotografia, eu iria doar, no final eu estaria ajudando outros animais... além do mais, não pretendo ter mais cães, não que eu tivesse pegado trauma, mas Hana era insubstituível e se eu trouxesse outro animal, seria como se eu tivesse a substituído.— Julie, Eu vou indo, hoje é a minha vez de fazer o Eliot dormir
Acho que nunca chorei em toda a minha vida, nem quando perdi o Sr. Lilás, meu urso preferido quando eu tinha nove. Acho que quando minha avó morreu, eu travei, minha reação não foi chorar, eu só queria um bom saco de pancadas, queria ser forte pelo meu avô, e agora... eu só queria um bom chá e chorar me lembrando da minha pequena.Acariciei a mão de Simon e sorri, ele era tão único, depois de ter chorado como uma menina de cinco anos no parque, ele me trouxe até a sua casa me deu banho e roupa limpa, eu até achei bom dormir na sua casa, não consigo dormir sem ninguém por perto, Hana dormia comigo.Pode soar dramático, mas é como todos dizem, cada um lida com a dor do jeito que dá. A minha perda poderia ser
Desde que Hana morreu o que foi na semana passada, ela ligou o botão do "foda-se" e não veio trabalhar, não que estivesse cobrando, eu sei o quanto ela amava aquela cadela, mas ela desapareceu do mapa.Provavelmente deveria estar procurando ela, mas as palavras de Beatrice me fizeram recuar.— Julie não é nenhuma irresponsável, ela deve estar bem, confia em mim, nesse momento ela não quer falar com ninguém, ela só quer pensar.— Ela precisa de um ombro amigo — argumentei.— Não, ela não precisa, se precisasse ela estaria aqui, ela precisa de tempo, deixa ela em paz e quando ela estiver pronta pra encarar a realidade ela mesmo vir&aacut
Me encolhi envergonhada esperando que nada daquilo não passasse de um grande pesadelo. Isso só acontece em momentos ruins, não sei o que aconteceu, geralmente não sou desastrada, talvez o destino só queria que logo de cara eu conhecesse a minha sogra com um brinde de café na sua roupa.— Desculpe mais uma vez, senhora Evergarden — pedi ao corar envergonhada.— Eu é que peço desculpa, não deveria estar bem atrás de você — tocou meu ombro com um sorriso singelo — quero que venha almoçar connosco no domingo.— Mãe — pediu Simon.— Vai ser bem divertido, há anos que eu pedia uma nora, me diga, qu
A vida definitivamente é extraordinária. Eu juro que se me dissessem que um dia eu veria meus pais sem um tustão, eu iria rir tanto, tipo assim, meus pais?! Donos de uma empresa famosa com um sobrenome a zelar?! Realmente uma surpresa.É claro que eles estão apenas colhendo o que plantaram, é por isso que nunca mais digo que algo é impossível. Papai ainda estava olhando incrédulo para o estabelecimento.— Uma equipe de limpeza terá que limpar isso — resmungou ao tocar no balcão e ver uma camada de poeira no seu dedo.Era normal estar meio empoeirado, já fazia uns anos que o DutCoffe estava fechado.— Estão a caminho — jog
Último capítulo