Capítulo 3

JULIE

Aí meu deus, não surta, não pode, não agora. Pressionei minhas mãos contra as minhas bochechas na tentativa de tentar esconder a vermelhidão. Aposto que estão se perguntando o que aconteceu depois naquela sala. Eu fiquei em total choque, sério!

— O que raio você faz aqui? — não chegou a ser um grito, mas eu também não falei no meu tom normal.

— Perdão, madame, acho que não me apresentei da maneira correta — ele fez um leve reverência — Simon Evergarden a seu dispor.

Simon... Evergarden... Não pode ser...

— Esses são meus amigos, Roan — apontou para o garoto agarrado à Allison — e Simon, cuidado, seu charme tem validade.

— Assim você magoa meu heart (coração) — Simon colocou a mão no coração fingindo estar ofendido — e quem é essa bela dama a seu lado? — apontou pra mim.

— Julie Gordon — Beatrice falou e eu dei um olhar furioso.

— É um prazer conhecê-la, permita-me dizer que seus cabelos me lembram a fênix quando renasce das cinzas, bela dama — romantizou como um verdadeiro, galinha.

— Está me paquerando? — arqueei a sobrancelha sacando seu jogo.

— Depende, estou conseguindo? — questionou tentando virar o jogo.

É verdade que nunca soube o seu sobrenome, apesar de te-lo visto em outros ocasiões, mas ele tinha que ser logo um Evergarden?! Justo um dos homens donos da porra toda, dono da empresa em que eu trabalho e vulgo, meu chefe?!

— Bom, vou deixar vocês conversarem a sós — forcei um sorriso e sai ignorando o ar provocante do Simon.

Merda, eu passei todos esses anos sem nem lembrar desse garoto, e agora além de conviver com ele porque Zack e Beatrice são amigos dele, agora também vou ter que vê-lo no trabalho? É sério?

Só pode ser um sonho. Já sei!! Na minha série Teen Wolf diz que se eu estiver sonhando, tenho mais dedos na mão, olhei para mão e vi cinco dedos, cincos dedos em cada mão.

Droga... Não é um sonho.

O telefone começa a tocar e eu atendo com a mão trêmula.

— Julie, preciso que venha até a minha sala, agora.

— Okay.

Passei pelo corredor e bati na sua porta logo depois entrando.

— Do que precisa?

— Entregue esses documentos para meu irmão — travei na hora do ele disse.

— O Simon? — perguntei meio atônica.

— Sim, algum problema? — arqueou a sobrancelha — devo lembrar que os problemas pessoais devem ficar lá fora? — neguei com a cabeça — Ótimo.

Sai da sala e olhei para os documentos. Porque ele não entrega, será que ele está amarrado à porra da sua cadeira?! Suspirei resignada, começo a entender o motivo da última secretária ter se demitido.

Calma Julie, são só uns documentos!!

Bati na porta e como ele não respondeu, eu entrei!! Melhor assim, não o verei pelo menos esta vez. Coloquei os documentos em cima da sua mesa, logo reparei que Simon tinha muitas fotos em sua mesa, a maioria com a sua família, até com Zack, Roan, Allison, Beatrice e uma com Eliot e... comigo??

Eu me lembro dessa foto, foi no batizado do Eliot, eu e ele somos os padrinhos, então pediram para tirar uma foto, juntos, mas ele guardou essa foto?!

— É muito feio entrar sem permissão, principalmente ficar xeretando nas coisas do chefe, senhorita... Gordon — me virei assustada dando de cara com Simon sorrindo provocantemente.

— Eu... digo... só — ele estava se divertindo com o meu nervosismo — só vim entregar esse documento, e você não é meu chefe, seu irmão é — cruzei os braços, convencida.

— Eu tenho a certeza que carrego o mesmo sobrenome que meu irmão — se sentou em sua cadeira preta — não sabia que tinha voltado.

— Não somos amigos para eu te contar da minha vida — soltei dando passos até à porta.

— Continua com a língua afiada como sempre — comentou e eu o fuzilei — continue assim e eu posso te demitir —andou até mim, mas eu vi que ele não estava falando sério, estava só provocando.

— Como se você pudesse — zombei — não é meu chefe, a única pessoa de quem eu recebo ordens, é seu irmão — tentei abrir a porta, mas sua mão travou ficando a centímetros de mim.

— Está me desafiando, senhorita Gordon? — sussurrou mais perto do que eu imaginava — não queira me desafiar.

Meu coração parecia querer sair pele boca pela aproximação repentina, seu cheiro a colônia masculina me incendiava e de repente o ar condicionado parecia estar até quebrado. Seus lábios me chamavam, meu coração queria ceder, e meu cérebro estava a um fio de perder a sanidade que me restava.

Preciso sair dessa armadilha!!

Não sei de onde veio aquela força visto que seus olhos eram hipnotizantes, mas o empurrei para longe de mim.

— Como eu disse — me recompus — você não é meu chefe — abri a porta e sai, e talvez tenha sido impressão minha, mas eu ouvi é o que veremos.

Com passos firmes enfim cheguei à minha sala, mas meu peito batia como um coração de um esquilo, o que foi isso?!

Não é nada, me recuso sentir atraída por um bad boy metido a besta.

Olhei para o relógio e vi que já estava na minha hora do almoço, eu estava livre por uma hora. Peguei minha bolsa e sai rapidamente. Na saída ouvi alguém me chamar.

— Julie não é? — Gisele se aproximou de mim — vai almoçar sozinha? — perguntou e eu assenti — e que tal se a gente almoçasse juntas?

— Por mim tudo bem.

Em frente à empresa, tinha um restaurante italiano todo requintado, nós nos sentamos numa mesa e fizemos nossos pedidos.

— E aí novata? Qual é a sua história? — arqueou a sobrancelha interessada.

— A minha vida é desinteressante.

— Acho que não, me intriga muito o fato de Julie Gordon, filha de grandes investidores estar trabalhando para a empresa Evergarden Interprise — arregalei os olhos com a sua observação — as fofocas rolam na empresa a todo vapor, e aí? Conheceu o chefe gatão?

— É claro que o conheci, ele é meu chefe, e ele é bem... — pensei numa palavra não muito ofensiva.

— Mandão? Chato? Seco? Rabugento e arrogante? — Falou torcendo o nariz — é, eu sei — sorri sacando — o que?

— Ta sentindo isso? — enceno puxando ar pelo nariz.

— O que?

— Que cheiro é esse? Eu tenho a certeza que já senti esse cheiro... ah já sei, é amor, está para nascer um romance clichê entre você e ele — cai na gargalhada quando ela fez uma careta.

— Para de rir de mim, isso é ridículo, é a coisa mais ridícula que já me falaram na vida — protestou e logo o garçom trouxe nossos pratos.

— Tudo bem, vou cair na sua conversa, mas só dessa vez — ergui as mãos em rendição.

— E você? Alguém na mira? — quase tossi com a pergunta, a primeira pessoa que me veio à cabeça foi Simon.

— Não ninguém, ninguém mesmo — balancei a cabeça tentando tirá-lo da minha mente.

— Suas bochechas rosadas dizem o contrário — debochou e eu enfiei mais comida na boca — eu e alguns colegas de trabalho vamos para um barzinho, topa?

— Agradeço o convite, mas ontem eu não dormi nada, quando chegar em casa vou hibernar.

— Tabom, então a gente se vê, vou usar meu resto de almoço para adiantar trabalho, beijos.

Pagou a sua comida e saiu, e eu ainda fiquei pensando um pouco.

[...]

Entrei em casa e Hana veio toda animada para cima de mim.

— Oi meu amor — fiz aquela voz idiota, mas fofinha — você quer carinho? Que meu bem? — deitei no chão e Hana subiu em cima de mim, tentando me lamber.

Quando Hana se aproximava, meus pensamentos e meu mau-humor sempre desapareciam, ela era minha filha, apesar que tenho dor no coração só de lembrar que ela já está velhinha, por isso faço questão de aproveitar cada momento que tenho com ela.

Lembro até hoje do dia em que eu a ganhei, no começo minha mãe não gostou da ideia, mas eu insisti e briguei tanto que eles me deixaram com a condição que eles a treinariam para me proteger.

Eu amo minha cadela, porque ela é minha companheira e minha única família, claro! Tem os meus pais, mas eles estão se cagando para mim, tudo que eu tenho... é ela. Eu adoro quando ela vem com a coleira na boca para eu a levar para passear, ou quando eu ando pela casa e ela quer sempre estar comigo. Hana é a razão pela qual eu fiz questão de morar sozinha num apartamento da faculdade, afinal, não acho que a faculdade aprovaria um animal nos seus dormitórios.

— Me diz Nana, quer ir passear?? — ela começou a pular animada, acho que ela até já entendia quando íamos sair — calma, garota.

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