Com o castiçal pronto e a vela posicionada, Jonas se ajoelhou diante da mesa de pedra. A memória ainda queimava viva em sua mente — o ritual da infância, o espelho, o reflexo que não era seu.
Mas algo dentro dele resistia. Uma sensação persistente de que havia algo ainda não compreendido. Algo escondido nas palavras que ele tinha carregado até ali.
Pegou o caderno antigo, aquele que encontrara no armário atrás da rachadura no piso, e passou as páginas com os dedos tremendo. Estavam manchadas, rasgadas, cheias de símbolos e frases desconexas.
Até que uma página, quase no fim, prendeu sua atenção.
[Página do caderno – escrita da mãe]
"A marca apareceu quando ele olhou pela segunda vez. O reflexo já o reconhecia. Não conseguimos concluir o selamento, então o ciclo foi interrompido — mas não desfeito."
"Camila se ofereceu. Victor fugiu. E Jonas... Jonas foi dividido."
"O espelho guarda a outra parte. Aquela que viu e ficou do outro lado. Ele cresceu sem ela. Por isso os lapsos. As vozes.