Jonas deu um passo para trás, arfando. O ar ao redor parecia mais pesado, como se o espelho tivesse sugado parte dele. A imagem de Camila dentro do reflexo ainda tremeluzia, mesmo enquanto ele se afastava. A caixa, a estante, o olhar vazio — tudo aquilo parecia demasiado real para ser alucinação.
Mas ele sabia: atravessar agora seria imprudente. Ainda faltavam peças nesse quebra-cabeça.
Virou-se e encarou o armário que havia se aberto sozinho. A porta estava escancarada, rangendo levemente com o vento que nem deveria existir naquele apartamento fechado.
Dentro dele, apenas escuridão.
Jonas se aproximou com cautela e, com o caderno em mãos, usou a luz do celular para iluminar o interior. Pó dançava no ar, revelando um fundo falso feito com tábuas de madeira mal encaixadas.
Instintivamente, puxou uma delas.
Atrás da tábua, encontrou um envelope antigo, com uma fita vermelha em volta. No canto, a caligrafia que já reconhecia bem: a da sua mãe.
"Para quando ele começar a lembrar."
Jonas a