Narrado por Caveira
Percebo o modo como ela trava quando falo. Está tensa, os ombros enrijecidos, mas tenta manter uma postura firme. Quase admiro isso. Quase.
— Sim, é minha primeira vez aqui. Vim com uns amigos pra curtir o baile — responde, com um sorriso forçado e os olhos fugindo dos meus.
Faço uma pergunta simples sobre sua origem, mas o impacto é imediato. Ela esfrega as mãos, olha pro chão, respira fundo. Nervosa.
— Sou do asfalto. Vim pra cá só pra me divertir um pouco — diz, e nem tenta me encarar.
Se ela soubesse quem eu sou, entenderia que não estou aqui só por diversão. Que meu coração já tá na ponta da faca faz tempo.
— Mesmo que eu nunca tivesse ouvido falar de você, eu te reconheceria. Você é a cara da minha filha — falo, com a voz mais firme do que esperava.
Ela congela.
— Não sei quais são seus motivos pra estar aqui hoje, pequena. Mas hoje não é o dia pra falarmos disso. Eu vou te esperar vir até mim. Quando você estiver pronta. E pode relaxar… aqui, você está segur