Eu a reconheci.
O ar é denso com tristeza e com o desejo que sinto por ele toda vez que o vejo. Não importava se a sala tem centenas de pessoas, eu poderia enxergar Rashid entrando em um lugar entre elas a um quilômetro de distância.
O primo dele também sente sua presença e fica sem graça quando o encara.
—Com licença. — Aproveito para dizer e vou em direção a cozinha.
Entro nela à procura de Zilá, entre os armários de madeira, bancadas de granito polido e peças em aço inoxidável. A encontro abaixada, pegando um pano de enxugar que caiu. Ela está cantando uma canção árabe, a mesma que mamãe costumava cantar quando estava feliz: Fein Habibi de Asalah.
Quando ela se ergue e me vê, para de assobiar a melodia.
—Zilá, você tem remédio para dor de cabeça?
Ela sorri.
—Temos uma maleta de primeiros socorros, temos de tudo. Espere um pouco que vou buscá-la.
—Obrigada. —Respiro fundo e passo os olhos pela cozinha.
Em cima de uma mesa grande, vejo um jornal. A foto me chama a atenção. Rashid ao meu lado no en