Eu já comi de tudo nessa vida. Festas de gala na Itália, jantares em Nova Iorque, menus degustação com chefs estrelados. Mas nada me preparou para o que estava prestes a acontecer.
Isabella estava sentada à mesa, sorrindo como quem acabara de vencer uma guerra silenciosa. Lia tagarelava sobre alguma coisa que eu não ouvi, e Miguel… bem, Miguel parecia se divertir com a minha ruína iminente.
"Vamos comer"
Falei, tentando manter um tom neutro. Puxei a cadeira, sentei e encarei o prato. Camarões. Até aí, tudo bem. Eu gosto de camarão. Mas havia algo… errado.
Miguel ergueu a sobrancelha, pegou um garfo e, claro, decidiu abrir a boca antes da primeira garfada.
MIGUEL: Nossa, que cheiro forte… especial, né? Bem… diferente.
"Coma, Miguel",
Respondi frio. Ele riu e obedeceu.
Provei o primeiro pedaço.
Meu paladar entrou em estado de choque. A primeira sensação foi doce. Depois amarga. Depois… queimada. E, por fim, ardida. Isso não era camarão. Era um atentado. Engoli porque eu não recuo. Nunc