5.Origem

No papel de aparência nobre e um tanto envelhecido e amarelado, uma grafia muito elegante que fez passar um arrepio por todo o corpo de Christian que a aquela altura já tinha uma ideia de a quem pertencia.

Christian.

Meu amado filho, se estiver lendo esta carta o destino não me favoreceu a estar a seu lado. Eu sou Alicia, rainha de Luzkalhe, sua mãe. A um mundo paralelo ao qual você se encontra agora chamado Kaliakay, que está sendo atacado a esse exato momento ao qual escrevo esta carta por um terrível elfo maligno e seus aliados, o nome dele é Nairus e desejo que ele tenha sido de alguma forma destruído. Fugi com você, deixando dolorosamente seu pai Andrius lutando ao lado dos nosso aliados contra as forças das trevas e pela salvação do povo élfico, o seu povo. Escrevi esta carta por segurança, caso não vencêssemos. Deixei também uma outra carta a qualquer sobrevivente do nosso reino para que o procure caso o pior venha a acontecer, e uma outra junto a esta para quem o encontrasse.

Eu o amo filho, peço perdão por deixa-lo a mercê do destino, mas esse foi o melhor futuro que infelizmente pude lhe oferecer, no entanto apenas uma coisa poderia me deixar mais reconfortada, então o enfeiticei para que só viesse a brilhar para quem não o fosse fazer mal e tivesse a capacidade de cuidar de você.

Desejo que um dia Kaliakay volte a ser segura para que você possa conhecer e aprender a magia que á e cresce em você a cada dia, que você de alguma forma encontre o caminho de volta para casa ou que algum de nossos amigos o encontrem algum dia.

Há um presente dentro da caixa, o pouco que pude lhe dar, mas tenha cuidado, não os use sem que tenha aprendido antes os conhecimentos sobre a magia. E independente do que aconteça seja forte e honrado sempre e nunca se esqueça que você pertence a uma linhagem de elfos guerreiros e grandiosos e de que é um príncipe e se tudo der certo, futuro rei de Luzkalhe.

A luz vive dentro de você, eu e seu pai te amamos meu filho e estaremos sempre contigo, que os deuses estejam com você, boa sorte.

Rainha Alicia

Christian perdeu a noção de quanto tempo havia ficado ali parado encarando aquela carta, como ele poderia fazer parte da história que Sophia o contara mais cedo, pensara. Tudo que ela tinha contado era sua história também, era quem ele era e de onde veio.

Sua mãe Alicia se entendeu bem, estava... Não conseguia concluir o pensamento, seu pai Andrius no entanto tivera o mesmo destino? Não. Lembrou da relação entre a carta e a história de Sophia, sim sua mãe Alicia realmente se fora - lagrimas escorriam ainda mais sobre seu rosto e caiam sobre o papel - mas o seu pai, se recordava bem, seu outro pai, estava petrificado e não morto, enfeitiçado.

Vários sentimentos corriam agora por sua cabeça quase o desmontando, seu corpo estava pesado, mas o pensamento ao qual decidiu se agarrar no momento foi o de felicidade, em meio a toda tristeza havia motivos para que ele se sentisse feliz, poucos, mas suficientes.

Seus pais elfos - buscava se acostumar com esse fato - lutaram pelo bem de todo um povo, eram heróis, sua mãe Alicia o amou até o ultimo momento - mais lagrimas, mas essas eram de felicidade, não iria ficar triste - seus pais humanos lhe deram tudo o que alguém poderia precisar, amor, carinho, proteção, cuidados.Porem o maior motivo pelo qual decidiu ser otimista era a ideia de poder salvar seu pai Andrius de alguma forma, de retribuir o sacrifício dele e de sua mãe para salva-o.

Só precisava encontrar um jeito de ir até Kaliakay, pensou.

Sophia e Petrus poderiam ajudar com isso, concluiu. Ele os encontraria em circunstancias diferentes, foi isso que haviam dito. Agora tudo começava a fazer sentido, ele era um deles, essas eram as circunstancias diferentes, claro. Ele era um elfo, e um príncipe segundo a carta de sua mãe, jamais poderia imaginar algo do tipo.

Nada e tudo fazia sentido. Como? Ele não sabia. Leu e releu a carta diversas vezes, chorando a cada vez que pensava sobre sua mãe que nem ao menos conhecera.

Seus pais não vieram mais a seu quarto,foi melhor assim pensou enquanto olhava o relógio que marcava três da manhã. Pareceu muito mais tempo. Se deitou na cama tentando acalmar os nervos que a essa altura estavam a flor da pele. Distraído passou a mão sobe a cama - a outra mão não soltando a carta - e derrubou algo no chão. A caixa.

Ela bem poderia ter aberto com a queda, imaginou. Havia se esquecido dela e agora que estava calmo repensou sobre abri-la naquele momento, mas optou por enfrentar mais uma surpresa. Pegou a caixa, colocou a carta na gaveta da cômoda e sem mais esperar moveu a tampa da pequena caixa em forma de retângulo..

Seus olhos não acreditaram no que viam.

Sim, era um cetro, igual aos que tinha visto mais cedo, exceto pela pedra que incrustava a ponta que ao invés de laranja ou negra, era transparente como um cristal ou diamante e a base em prateado. Junto ao cetro um livreto grosso de capa branca com mais uma carta dobrada saindo de dentro dele, escrito:

Christian.

Há mais duas coisas que você precisa saber meu filho, a primeira é que por conta de uma magia da nossa terra a qual não se sabe a origem, todo elfo nasce com o dom de entender e proferir qualquer língua existente no universo a depender do seu poder e de quão antiga uma língua possa ser. A outra coisa, e essa talvez possa assusta-lo é que nós elfos, pelo fato da nossa ligação mística com a natureza vivemos um pouco mais que outros seres. Mas o encantamento que lancei em você além de protegê-lo anula quase que totalmente os seus poderes para que você não venha a ter problemas neste mundo onde está, no entanto esse encantamento será quebrado no exato momento em que você entrar em contato com outro elfo para que assim possa voltar para casa. Você saberá se o encanto foi realmente quebrado quando conseguir ler o livro de encantos que tem nas mãos.

Tenho fé que você ainda usará esses presentes, e o maior deles, a magia.

Feliz aniversário.

Rainha Alicia.

Aquele era o melhor presente que poderia ganhar, ainda mais sendo de sua mãe que acabara de saber que tinha. Esse pensamento o assolou, a felicidade que havia se agarrado a instantes se transformando em revolta e ódio ao notar que jamais teria mais de sua mãe além daqueles presentes, jamais sentiria o seu toque ou seu carinho, jamais ouviria sua voz ou conheceria suas expressões como conhecia as da sua mãe Helena. E tudo isso por culpa de uma única criatura, pensava.

Nairus, se ele recordava bem a histórias de Sophia, era esse o nome do causador de toda desgraça que acabara de conhecer, ele destruiu a paz do seu povo, assassinou sua mãe e muitos mais, além de transformar seu pai em pedra e ainda assim não foi destruído. Seus pais se sacrificaram por nada? Pensou. 

Sophia havia dito que Nairus prometeu voltar um dia e parte de Christian temia uma criatura como essa, mas a outra parte gritava querer encontra-la e vingar-se dela por tudo que fez.

Christian se sentia na obrigação de ir a Kaliakay, na verdade depois de saber de tudo aquilo sentia uma necessidade, queria conhecer o lugar de onde veio, salvar o seu pai Andrius e aprender a magia a qual Alicia tanto falava na carta.

Respirando fundo abriu o livreto na primeira pagina, e como imaginava, não ficou tão surpreso ao conseguir ler o livro. As palavras escritas não se pareciam com nada que já tinha visto antes mas ao lê-las conseguia entender cada uma delas. Eram encantamentos, descrições e símbolos, ele os experimentaria mais tarde, talvez amanhã quando supostamente encontrasse Sophia e Petrus.

Christian ficou lendo mentalmente o livro enquanto o sono lentamente o levou a adormecer.

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