2.Grandes Surpresas

Ainda no caminho de volta, Christian contava para David como aconteceu o quase acidente e como Petrus o tinha salvado quando lembrou do que Sophia havia dito sobre eles se reencontrarem novamente, da forma que havia dito como se tivesse certeza e decidiu perguntar a David que teve um momento para conversar com ela a sós quando estavam na roda gigante mais cedo, se ela havia dito algo a mais, a onde moram ou estudam.

- Mas então David, você e a Sophia conversaram, ela disse onde moram falou sobre ela? - começou ele - eu achei estranha a forma que ela disse que nos veríamos novamente e a mudança de humor repentina do irmão dela. - completou Christian.

- Sim, nós conversamos, mas ela pareceu mais interessada em você. - falou meio sem jeito.

- Bobagem a sua, vi que vocês riam o tempo todo. - disse enquanto dava um soco amigável no ombro de David.

- Não é bobagem, ela me fez muitas perguntas sobre você. - explicou David. Essa informação pegou Christian de surpresa que se calou por um instante analisando a informação.

- Mas o que ela perguntou? - falou por fim.

- Quantos anos você tinha, onde morava, seu sobrenome. - contou David - tentei mudar de assunto, mas ela sempre voltava a perguntar de você.

- Há. Mas ainda assim tenho certeza que vocês trocaram informações. - insistiu.

- É, eu fiz algumas perguntas.

- Então me fala.

- Ela me contou que se mudaram nas férias para Sol Nascente.

- Mas onde moravam antes?

- Ela mudou de assunto quando perguntei e achei educado não insistir.

- Quantos anos eles tem? Não me parecem mais velhos que nós.

- E não são, eles tem a mesma idade que nós, quinze anos. - explicou David.

- Então são gêmeos. - concluiu.

- São, gêmeos não idênticos.

- Já que mudaram para nossa cidade não vai ser difícil nos esbarrar por ai.

Andaram um pouco mais enquanto continuavam a conversar, dobraram algumas esquinas e já estavam próximos de casa, chegaram no bairro de David na rua onde ele entraria.

- Tem certeza de que prefere ir sozinho? - insistiu David pela terceira vez - Eu posso pedir para a minha mãe te levar, ela não vai se importar.

- Não, não precisa, além do mais vai ser bom tomar um pouco de ar fresco. - afinal a sua noite tinha sido um pouco tensa pensou ele. - E por favor não conta nada sobre o que aconteceu hoje no parque, se eu tiver sorte não irei aparecer no jornal local e não precisarei contar nada em casa.

- Tá bem, mas... - começou.

- Boa noite David. - interrompeu antes que ele insistisse novamente.

- Boa noite... - Christian não acreditou na cara de preocupação de David que o fez lembrar sua mãe.

- Eu te ligo ao chegar em casa - o tranquilizou, e seguiu com um aceno enquanto caminhava na mesma rua e David virava a esquina.

Ao mesmo tempo em que seguia para sua casa, Christian lembrava do quanto ele e David eram amigos, na verdade eram como irmãos, se conheciam desde criança e desde então sempre estiveram juntos e como já não bastasse essa união, até mesmo os seus aniversários são no mesmo dia, que comemoraram a seis dias trás.

A festa foi na casa de Christian, tiveram dois bolos um para cada, todos os seus parentes e amigos estavam lá, bem, mais parentes de David do que de Christian que tinha uma família pequena já que era filho único, a festa foi bastante divertida mesmo com o fato de que a meia noite deste dia ele se sentiu estranho um arrepio lhe percorreu o corpo e seus pais pareciam apreensivos com algo. No fim da festa depois de todos irem embora eles os abraçou e sua mãe disse algo que embora fosse palavras comuns que qualquer mãe diria a um filho, sua voz parecia carregada com algo indecifrável, quando lhe disse, " Christian, aconteça o que acontecer, queremos que saiba que te amamos e sempre estaremos aqui para você", e seu pai apenas demonstrou concordar com o que sua mãe dizia enquanto o abraçava. Aquilo o fez se sentir tão protegido e desconfortável ao mesmo tempo e se recordar daquilo o trouxe o mesmo sentimento.

Ele percebeu que estava a três esquinas de casa, percebeu também outra coisa que estava sem sorte. Três pessoas com sobretudos pretos se aproximavam dele ao mesmo tempo, e como notou que estavam vindo de diferentes direções era claro que estavam juntos, com toda certeza seria assaltado ou coisa pior pensou ele, e lhe veio a ideia de correr mas já estavam muito perto e desistiu na mesma hora.

- Olá amigo. - um deles falou.

- O-o-olá - gaguejou e teve esperança por um momento de que não fossem lhe fazer mal. Agora Christian podia ver seus rostos ao se aproximarem mais. Dois garotos e uma garota aparentavam ser mais velhos, dezoito a vinte anos, um dos garotos tinha a pele clara, ele pode observar, os cabelos louros e era o mais alto dentre eles, o outro era ainda mais baixo que a garota, tinha a pele negra e o cabelo preso em um rabo de cavalo, já a garota tinha os cabelos loiros e a pele ainda mais pálida que a do garoto mais alto e era muito magra.

- Sabe que é perigoso andar pelas ruas sozinho? - disse o garoto mais baixo.

- O que vocês querem? Dinheiro? - disse Christian em um tom desafiante porem cauteloso, uma de suas virtudes com certeza era a coragem, mesmo em desvantagem numérica.

- Olha só ele quer saber o que nós queremos. - falou a garota em uma voz completamente irritante.

- Há não, não queremos o seu dinheiro... - o garoto mais alto começou enquanto caminhava em círculos em volta de Christian o examinando. - Nós queremos você.

- Como assim, querem a mim? - indagou Christian entrementes já imaginando que eram bandidos violentadores e se preparando pra se defender da maneira que pudesse.

- Escuta garoto, você realmente não sabe o que você é, não é mesmo? - continuou o garoto alto.

- Quem eu sou? Do que vocês estão falando? Me deixem em paz! - exclamou ele agora fazendo menção em correr, sem entender nada daquela conversa.

- Já que não sabe, melhor, assim não nos causa problemas. - concluiu o garoto alto - Peguem ele! - ordenou enquanto junto com os outros avançavam para Christian, que correu para longe quando ouviu uma voz familiar.

- Distanxi! - gritou uma voz que logo Christian identificou como a de Petrus enquanto se virava a tempo de registrar os fatos. Petrus estava a alguns metros de distancia com a mão estendida na direção dos garotos desconhecidos, uma rajada de luz dourada saia da palma da mão estendida que atingiu a garota loura que foi atirada sobre os dois garotos que caíram com a pancada. Christian correu para perto de Sophia que estava ao lado de Petrus.

- Não pensei que nosso reencontro seria tão breve. - disse ele em agitação, o pânico e a gratidão em seus olhos assustados. - mas o que está acontecendo, como vocês..?

- Explicamos depois. - Petrus o interrompeu. - Temos que ir agora, rápido! - ordenou enquanto puxava Christian pelo braço. Porem não deram cinco passos antes de serem interrompidos.

- Hei! Onde pensam que vão com tanta pressa!? - ouviram, e ao se virar os garotos desconhecidos já estavam de pé outra vez, o louro quem acabara de falar.

- Você pagará por isso imbecil! - vociferou a garota para Petrus. - Olha só o estado do meu cabelo seu infeliz! - continuou gesticulando para o seu cabelo que estava para todos os lados em sua cabeça.

- Ficou melhor assim, é mais a sua cara. - caçoou Petrus reprimindo uma risada.

- Eu vou acabar com vocês! - gritou ela em resposta, a voz ainda mais explosiva e irritante.

- Tente! - revidou Sophia, nesse momento o vento passou pelos seus cabelos longos e negros, esvoaçando-os deixando-a ameaçadora.

- Incexitos vespas! - gritou a garota enfurecida, estendendo um objeto que Christian identificou como um cetro, daqueles que a nobreza carregava nos filmes e livros que já vira, com uma pedra negra incrustada na ponta.

Uma nuvem de vespas de tamanho anormal foi de encontro a Christian e seus amigos, mas Sophia foi mais rápida se pondo a frente, sem dizer uma palavra ela girou suas mãos e as direcionou para frente e no mesmo instante uma rajada de fogo saíram delas incendiando as vespas que caíram ao chão chamuscadas e soltando fumaça.

A garota loura parecia explodir de raiva, o seu rosto contorcido em puro ódio, os outros dois também empunharam cetros com pedras negras incrustadas.

- Pelo visto vocês foram bem treinados e vejo que você garotinha é ligada ao fogo. - dizia agora o garoto negro. - Mas isso não bastará se não usarem os seus cetros, e vocês sabem que são proibidos. Agora, no nosso caso... - continuava, girando o seu cetro nas mãos ao ser interrompido pela garota de voz irritante.

- No nosso caso, podemos e vamos usar se não o entregarem! - a garota parecia impaciente e enfurecida.

- Vamos logo, entreguem-no e vamos pensar se deixamos vocês irem - disse o garoto negro tentando fazer a proposta parecer atraente.

- Mas porque vocês querem o Christian? - perguntou Petrus curioso.

- Hum... então o nome dele é Christian. - analisou o garoto louro, não tinha sido uma pergunta.

- O nome dele não importa! O que importa é que não o levarão! - disse Sophia. - Agora digam o que querem com ele?

- Se vocês não sabem, não seremos nós a lhes dizer! - gritava a garota. - Agora entreguem ou mato vocês! - ameaçou.

- Não se aproximem! - ameaçou Sophia, agora estendendo também um cetro e seguida por Petrus que fez o mesmo, porem, as pedras incrustadas em seus cetros eram alaranjadas. Eles sabiam que poderiam acabar encrencados mais tarde por usar magia de alto nível estando fora dos domínios dos elfos, mas rebateram o pensamento com a ideia de que estariam mais encrencados ainda se não se defendessem naquele momento, e talvez tivessem a sorte dos anciões não estarem de olho aquela hora, e se estivessem veriam que se tratava de uma emergência.

Christian se sentia inútil por não poder ajudar e ficar ali parado indefeso, precisando ser protegido, enquanto Sophia e Petrus estavam em desvantagem numérica. Contra pontapés e socos ele poderia lidar, mas contra magia? Ele não teria chance, pensava ele enquanto observava o que acontecia esperando que tudo aquilo fosse um sonho, talvez em outras circunstâncias ele estivesse animado e feliz por saber que magia existe, mas não quando sua vida estava em jogo ou a vida de outras pessoas.

- Eu já estou cheia desses garotos! Chega de conversa! - gritava agora a garota loura explosivamente. - Se não o entregarem por mal, vão entregar por pior ainda!

- Eu cuido disso Ornella. - disse o garoto negro, enquanto apontava seu cetro para os garotos. - Exferiun trevers!

Uma esfera negra com rachaduras avermelhadas saiu do cetro em direção aos garotos e crescia ao se aproximar rapidamente e antes que os atingisse Sophia foi mais rápida novamente e estendeu o cetro em direção a grande esfera e conjurou um feitiço de forma tão ágil que Christian mal conseguia acompanhar o que acontecia.

- Dispercium! - a voz dela ecoou alta e clara, e um circulo dourado saiu do seu cetro indo de encontro a esfera que os ameaçava, no mesmo instante o circulo a envolveu fazendo a esfera mudar de negra avermelhada para dourado brilhante fazendo-a voltar para quem a conjurou.

O estrondo que se ouviu a seguir foi assustador, um ar quente misturado a poeira os açoitaram com a explosão da esfera nos inimigos que desapareceram deixando fumaça e escombros no lugar onde estavam.

- Eles morreram? - perguntou Christian assustado e sacudindo a sujeira que se espalhara, das suas roupas.

- Não, só desapareceram, mas voltarão logo se não sairmos daqui o quanto antes. - explicou Petrus.

- Mas e todo esse estrago? O barulho deve ter atraído a atenção de alguém, vão investigar. - alertou-os Christian, enquanto arrumava as ideias em sua cabeça e percebera que tudo aquilo deveria ter uma explicação.

- Tem razão. - concordou Sophia. - Mesmo tendo certeza que eles enfeitiçaram essa rua, para caso o que quer que eles queiram com você, não tivessem problemas em leva-lo, com algum outro humano por perto para atrapalhar.

- Mas eles não contavam com a nossa presença. - disse Petrus que apontou seu cetro para os escombros. - De qualquer modo, os humanos agora poderão ver os estragos feitos aqui, então... Retornium estaduns!

Christian observava incrédulo mais uma inacreditável cena na sua noite, ao ver os escombros começarem a se mexer e retornarem para os seus lugares de origem, cada pedaço de concreto, cada pedra e ferros se uniam como imãs para formar o asfalto e partes de uma parede anteriormente destruídos. Por um instante sua visão foi embaçada, pois até mesmo a poeira que se espalhara com a explosão retornara a seu devido lugar.

- Ótimo trabalho Pete - elogiou Sophia. - Mas agora vamos sair daqui.

- Olha... Eu agradeço por terem me salvado de, sei lá o que eram aquelas pessoas. - começou Christian olhando para os dois, enquanto procurava as palavras certas. - Mas será que vocês poderiam me explicar o que está acontecendo aqui, o que vocês são afinal?

- Primeiro vamos para um lugar seguro e depois te contamos o que quiser saber. - Prometeu Sophia enquanto pegava Christian pelo pulso e o puxava para correr junto a ela e Petrus.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo