Leandro franziu a testa ao olhar para a assinatura, depois fitou o rostinho radiante de Marília. Ele sabia muito bem que ser fã de alguém não era problema algum. Marília queria desenvolver sua carreira, e isso também não era um problema. Mas...Leandro voltou a pensar naquela foto, na qual Marília jantava com aquele homem. Ela o olhava com aquele mesmo olhar, e, só de lembrar, uma sombra já lhe invadia o coração. Marília estava aninhada nos braços do homem e não percebeu a mudança no humor de Leandro. Ela falava animadamente sobre seus planos para o futuro, sobre seu grande projeto para ganhar dinheiro. Leandro, ainda assim, a escutava com paciência.— Hoje eu fui com o Cipriano naquele restaurante, a comida estava uma delícia. Quando o dinheiro cair na minha conta no mês que vem, vou te levar lá para experimentar! — Podemos ir amanhã. — Eu quero te levar com o meu próprio dinheiro! — Marília esticou a mão e acariciou o rosto dele, do mesmo jeito que ele fazia com ela. — Am
Marília colocou o celular de lado e começou a passar loção no corpo.De repente, a porta do quarto foi aberta por alguém do lado de fora. Ela se assustou e, por reflexo, levantou a cabeça, vendo o homem parado na entrada.Imediatamente, largou o que tinha nas mãos e puxou o roupão para se cobrir.Ela tinha o hábito de aplicar a loção usando o roupão e só depois vestir o pijama. Jamais imaginou que ele apareceria naquele horário e abrisse a porta.Ao perceber que o homem não se mexia e que o olhar dele era intenso demais para ser ignorado, Marília se sentiu incomodada. Ela sabia o quanto aquele homem nutria um desejo forte.Com o rosto corado, Marília ergueu os olhos e perguntou em voz baixa:— Aconteceu alguma coisa?Leandro observava o rostinho delicado e tímido dela e se lembrou da pele alva que viu ao abrir a porta. Engoliu em seco, sem responder, e deu um passo para dentro, fechando a porta atrás de si enquanto caminhava em direção a ela.Marília olhou para o rosto dele, para os ol
— Quer que eu vista você?Marília se assustou e recusou imediatamente:— Não!Vendo a reação tão intensa dela, Leandro segurou seu queixo e voltou a beijá-la.Quando se tratava desse tipo de coisa, ele sempre era muito dominador e autoritário, sem espaço para negociação. Mesmo que ela não quisesse, ele sempre dava um jeito de fazê-la obedecer.Marília não aguentava mais ser provocada daquele jeito. Para conseguir descansar logo, precisou ceder às exigências dele....Na manhã seguinte, Marília passou um bom tempo no banheiro tentando esconder as marcas no pescoço, e só conseguiu disfarçá-las mais ou menos.Saiu do quarto bufando de raiva.Leandro não teve tempo de mandar o café da manhã para o quarto, já que os dois dormiram até as sete horas da manhã.Ele tinha acabado de sair do banho quando ela apareceu.— Quer sair para comer alguma coisa?— Combinei de tomar café com a Neide, você só precisa me deixar lá.Na verdade, Marília não tinha combinado nada com a Neide, mas ela sabia o ho
— Mimi, que coincidência! Você também veio. Helena se aproximou com naturalidade, sorrindo para ela com muita delicadeza.Marília ficou completamente rígida ao encarar a mulher que estava agora diante dela. "Ela não estava nos Estados Unidos? Por que voltou?"— Helena, essa é sua amiga? Ao lado de Helena estava uma mulher de cabelo curto, tingido de loiro, com um visual estiloso e marcante.Helena se virou para apresentá-la: — Esta é minha irmã.— Sua irmã? O olhar da mulher para Marília imediatamente mudou.— Mimi, você tem uma irmã? — Neide exclamou, surpresa.O rosto de Marília se fechou: — Minha mãe só teve uma filha: eu. Pare de inventar parentesco comigo, eu nem te conheço! — Dizendo isso, ela se virou e foi para outro lugar.Marília saiu apressada, e mesmo com Neide chamando atrás dela, ela não respondeu.Só quando já não podia mais ver Helena, ela parou.Neide a alcançou: — Mimi, por que você saiu? Não vai mais ver a exposição?Foi só então que Marília percebeu que
— Mas agora você se arrepende, não é? Os olhos de Marília estavam gelados, e seus traços delicados exalavam uma frieza deslumbrante. Helena olhou para o rosto de Marília, sentindo uma pontada de inveja. Soltou a mão dela e curvou os lábios: — Sim, me arrependi. Voltei desta vez para recuperar o que é meu. Marília, voltei por causa do Leandro!...Depois que Helena foi embora. Marília ficou sozinha no banheiro por um bom tempo, incapaz de se acalmar. Seus olhos ardiam e, sem conseguir conter, lágrimas grossas começaram a rolar por seu rosto. Ela colocou a bolsa sobre a pia, abriu a torneira e, sem se importar com a maquiagem, começou a jogar água fria no rosto, como se isso pudesse ajudá-la a se acalmar. Mas não conseguia. Marília levantou a cabeça e olhou para o reflexo desarrumado no espelho. As palavras de Helena ecoavam em sua mente: Leandro tinha ido aos Estados Unidos para vê-la. O anel que ele comprou também havia sido escolhido de acordo com o gosto de Helena.
O homem ficou atônito por um momento. Seus lábios finos se moveram:— Quem te disse isso?"Quem disse? Não está óbvio?"Leandro, com seus olhos negros e profundos, olhou nos olhos dela e explicou em tom grave e claro:— Eu não fui aos Estados Unidos só para vê-la. Realmente fui em uma viagem de trabalho. Só marquei um jantar com ela. Também não comprei o anel com ela. Eu só queria te dar um porque sabia que você queria muito... Mas eu não sabia o seu tamanho, então perguntei a ela.Marília curvou os lábios vermelhos num sorriso frio e sarcástico, dizendo:— Não sabia o meu número? Por que não me perguntou? Custava ligar? Ou justo naquele dia o seu celular estava sem bateria? Você tinha mesmo que comprar naquele dia? — Quanto mais falava, mais se exaltava, e seus olhos ficavam cada vez mais vermelhos, no final, sua voz estava embargada. — Leandro, por que você simplesmente não admite? Você ainda não esqueceu ela. Queria deixá-la com ciúmes, fazer com que se arrependesse de ter te deixad
Os olhos de Marília eram lindos. Quando ela estava feliz, seus olhos se curvavam num sorriso encantador que trazia uma sensação agradável a quem a visse. Mas agora estavam cheios de lágrimas; o branco dos olhos estava avermelhado, e as lágrimas escorriam sem parar, deixando evidente sua tristeza e dor.Leandro olhava para Marília daquele jeito e sentia o coração apertado. Afrouxou um pouco o colarinho da camisa e, por fim, saiu de cima dela.Logo depois, se ouviu o som da porta sendo aberta e fechada do lado de fora.Ele havia ido embora.Marília se sentou depressa na cama, arrumou a roupa, enxugou os olhos e voltou a organizar suas coisas.Leandro desceu e entrou no carro. Sentado ao volante, acendeu um cigarro. Foi assim que viu Marília saindo com a mala nas mãos.A noite já havia caído e um vento forte soprava, levantando folhas e galhos pelo chão. Parecia que ia chover.Leandro franziu a testa, mas acabou ligando o carro e começou a segui-la.Marília caminhava devagar, puxando a ma
O corpo de Helena enrijeceu por um instante. Ela assentiu com a cabeça e sorriu amargamente:— A Marília me detesta. Tudo o que tem a ver comigo a deixa sensível. Vou tentar evitá-la ao máximo, não quero te colocar numa situação difícil.Leandro assentiu com frieza, em silêncio.Ao ver o quanto ele defendia Marília, Helena sentiu uma dor profunda no peito. Abaixou a cabeça para enxugar as lágrimas, depois levantou o rosto forçando um sorriso:— Bem... já está ficando tarde, vou embora. Você pode avisar o Raulino e os outros?Leandro respondeu apenas:— Tá bom.Helena achava que ele iria insistir para que ela ficasse, mas ele não o fez.Ela não teve escolha senão ir embora....Leandro voltou ao camarote.Raulino ergueu uma sobrancelha ao vê-lo entrar sozinho e perguntou:— Cadê a Helena?— Foi embora.Leandro se sentou e pegou a garrafa para se servir.Raulino e Adalberto trocaram olhares.— O que houve com você? — Perguntou Raulino.Leandro não respondeu. Parecia calmo, mas bebia uma