Marília queria acreditar que Leandro não a trairia, mas só de pensar que havia uma Serafina ao redor dele, de olho em qualquer brecha, apertou os lábios:— O que eu devo fazer, então?Zélia levou Marília para o andar de baixo, até uma loja de lingerie, e escolheu algumas peças para ela.Quando Marília viu o quão reduzido era o tecido das lingeries, entendeu logo que se tratava de peças sensuais e recusou instintivamente:— Eu não quero.— Você vai ficar linda com isso!Zélia até levantou uma das peças e a aproximou do corpo dela para comparar.Marília percebeu que as vendedoras ao redor estavam todas olhando, e seu rosto ficou vermelho de vergonha:— Pode ser lindo, mas eu não quero. Não preciso disso. Vamos embora!Ela se virou para sair, mas Zélia foi direta:— Vou levar esta aqui, esta também e aquela ali também.Marília viu que cada peça era mais ousada do que a outra e ficou ainda mais constrangida:— Fica com elas para você.— Você nunca ouviu aquele ditado? "Casal que briga na ca
— Você deve saber por que vim te procurar. — Disse Anselmo com aspereza.Leandro o encarou, o rosto impassível.— Marília agora é minha esposa. Você não deveria mais se importar com ela.— Sua esposa? — Anselmo repetiu as palavras com um sorriso sarcástico no canto dos lábios. — Pelo que me lembro, você é da mesma geração do tio Leovigildo. A Mimi devia te chamar de tio. Casar com a própria sobrinha não teme virar motivo de chacota por aí?Leandro respondeu com indiferença:— Você traiu a Mimi com a melhor amiga dela e não se importa com o que os outros pensam. Comparado a isso, nosso casamento foi legítimo e transparente, sem trapaças nem mentiras. Acho que as pessoas não vão nos ridicularizar.O rosto de Anselmo ficou tenso. Diante da calma do outro, sua raiva transbordou.— Leandro, a Mimi é minha. A pessoa que ela ama sou eu. Estamos juntos há dez anos. Você tem ideia do que isso significa? Fiz parte da metade da vida dela. Conheço toda a sua rotina, seus gostos, o que ela prefere c
Leandro geralmente almoçava fora, e já tinha passado da hora do almoço. Marília sabia que, às vezes, ele se dedicava tanto ao trabalho que até esquecia de comer ou dormir. Agora eram apenas três da tarde, então talvez ele realmente ainda não tivesse almoçado.Ela largou rapidamente o controle remoto e se levantou:— Você já almoçou? Se ainda não comeu, posso preparar algo para você...Antes que terminasse de falar, viu o homem caminhar em sua direção com o rosto fechado. Antes que Marília pudesse reagir, ele se abaixou e a pegou nos braços, carregando-a em direção ao quarto dela com passos largos.Ele a jogou na cama.A cama era macia, e, embora isso impedisse que ela se machucasse, o ato de "jogar" em si já demonstrava agressividade. Marília ficou um pouco tonta com a queda e, quando tentou se levantar, o homem já estava por cima dela, pressionando-a de volta contra o colchão.— Leandro, o que você está fazendo?Marília já podia imaginar o que ele queria. Afinal, ele a tinha levado par
Marília achava que já havia perdido a virgindade, então, além de envergonhada e nervosa, não sentia muito medo.No entanto, a experiência que veio a seguir estava longe de ser agradável.Não se sabia ao certo quanto tempo havia se passado; a luz dourada do sol além da janela de vidro havia se tornado laranja-escura, e o ambiente no quarto também se tornara mais sombrio.Quando Leandro terminou, acendeu o abajur sobre o criado-mudo.Com os dedos, afastou os fios úmidos do rosto da mulher, revelando seu rostinho corado e levemente suado. Havia marcas de lágrimas em seu pequeno rosto do tamanho da palma de uma mão, e seus olhos permaneciam fechados, com uma expressão que transbordava fragilidade.Ao baixar o olhar, viu marcas espalhadas pela pele branca dela.Todas deixadas por ele.Um incômodo repentino se formou dentro de Leandro. Puxou aleatoriamente a coberta fina ao lado e a cobriu, levantando-se logo em seguida e indo até o banheiro.Ao acender a luz do banheiro, viu imediatamente a
Leandro percebeu:— Aconteceu alguma coisa?Marília assentiu imediatamente. Hesitou por um momento, mas ainda assim perguntou, curiosa:— Acabei de ver sangue no lençol. Naquela vez com você no hotel... a gente não chegou a fazer nada, não é?Leandro respondeu com uma expressão tranquila:— Não chegamos ao fim.Marília confirmou a suspeita que tinha em mente e ficou imediatamente corada:— Por que você não me explicou isso antes? Me fez pensar que... Achei até que estava grávida, e queria que você assumisse a responsabilidade...Se ela soubesse antes que não tinham realmente terminado o que começaram, com certeza não teria tido coragem de ir ao hospital confrontá-lo daquela maneira. Só de lembrar das coisas que disse para ele...Marília queria enfiar a cabeça num buraco. Ela chegou até a dizer que chamaria a polícia...Que humilhação!— Mas não faz muita diferença. — Comentou Leandro, sem demonstrar emoção.Marília mordeu os lábios e murmurou:— Mas você nem precisava ter se casado com
Depois de receber a ligação, Adalberto chegou logo atrás de Raulino.Assim que se sentou, Raulino brincou:— Quando você era solteiro, a gente mal te via duas vezes por mês. Agora que casou, está aparecendo mais do que nunca. Parece que essa lua de mel não foi lá essas coisas, hein?Leandro lançou um olhar irritado para ele:— Dá para parar de tagarelar igual a uma mulher?Raulino fez uma pausa.Ele se virou para Adalberto:— Eu não falei? Aposto que levou um fora da esposinha mimada e chamou a gente só pra descontar a raiva. Que cara mais baixo nível, né?Leandro apertou os lábios, formando uma linha reta.— Se não quer jogar, pode ir embora.— Já que estou aqui, claro que vou jogar umas rodadas. — Enquanto embaralhava as cartas, Raulino continuou. — Mas vou te dizer, tô mesmo curioso. Lembro que a Marília não tinha lá um temperamento fácil... Ela infernizava a Helena. Você chegou até a defender a Helena, e a Marília te mordeu, lembra? Você não a detestava? Como é que agora tá todo ap
— Ainda tenho um tempinho agora, posso te levar.Marília não recusou e respondeu:— Tudo bem....Mansão da família Cardoso.Assim que entrou, Marília viu Leovigildo jogando xadrez com o filho. Eulália, ao lado, observava com ternura; de vez em quando, dava uma fruta ao menino ou servia um café ao marido. A cena familiar era de pura harmonia.Ela não deu mais um passo à frente.Até que Nair a viu:— Srta. Marília, a senhorita voltou!Ao ouvir essa voz, Leovigildo levantou a cabeça. Ao ver que era sua filha, o sorriso sumiu instantaneamente do rosto.— Você veio.Eulália, ao ver Marília, se sentiu incomodada, mas, por respeito ao marido, ainda assim a cumprimentou com gentileza:— Mimi, você voltou! — Empurrou o filho levemente. — Sua irmã está de volta, vai lá, cumprimente-a!Gervásio levantou os olhos para Marília e torceu a boca:— Eu nem conheço ela. Como é que ela pode ser minha irmã? Eu só tenho uma irmã, e ela está nos Estados Unidos!— Que menino! — Eulália ficou um pouco constr
Leovigildo deu um tapa forte no rosto dela.Apesar de já ser um homem mais velho, ainda era forte, e a intensidade do tapa foi grande. O rosto de Marília ardia de dor.— Você vai mesmo acabar com a paz desta casa?O rosto de Marília virou com o impacto. Ela levou a mão à face, tocando o local atingido, e seu olhar era extremamente frio:— Esta é a casa de vocês, não a minha!— Você vai agora comigo até a família Santos e vai cancelar este casamento! — Leovigildo falou com firmeza.Marília curvou os lábios em um sorriso sarcástico:— Você disse para a minha mãe que nunca a traiu, mas engravidou aquela mulher e teve um filho com ela. Disse para mim que Helena não era sua filha de sangue, que eu era sua única filha. Mas agora, por causa dela, você quer me forçar a me divorciar, a abrir mão do meu marido. Diga com sinceridade: você não sente nem um pouco de culpa?O rosto de Leovigildo mudou:— Você e Leandro já oficializaram o casamento?Madalena, para preservar a reputação da filha, apen