A estrada para o interior parecia mais longa do que Isadora se lembrava. O céu estava nublado, e cada quilômetro percorrido aumentava o peso sobre seu peito. Aquela não era apenas uma viagem até a casa da mãe — era uma jornada até os escombros de uma vida construída em cima de mentiras.
Dominic quis ir com ela, mas Isadora recusou. Precisava encarar aquilo sozinha.
Ao chegar à antiga casa de infância, tudo parecia parado no tempo. O portão rangia como antes, o jardim estava malcuidado e as cortinas cerradas. Verônica abriu a porta com o semblante exausto, os olhos fundos e os cabelos presos às pressas. Não havia mais máscaras entre mãe e filha. Apenas feridas abertas.
— Achei que não viria — murmurou Verônica, abrindo espaço.
Isadora entrou sem dizer nada. O ar ali dentro cheirava a memórias amargas. Fotografias antigas ainda decoravam as prateleiras — uma infância sorridente ao lado de uma mãe que agora parecia uma estranha.
— Preciso que me conte tudo — disse Isadora, firme. — Sem r